Os cientistas britânicos estão a analisar a possibilidade de se reduzir as doses da vacina contra a Covid que irão ser usadas no programa de reforço, para o Reino Unido poder contribuir para aumentar o fornecimento global de vacinas.
A administração de doses fracionadas pode garantir a imunidade de um maior número de pessoas em zonas mais desfavorecidas do mundo e manter um elevado nível de proteção nas vacinas de reforço.
O Comité Conjunto de Vacinação e Imunização do Reino Unido, que aconselha o Governo, vê uma possível solução nesta medida, uma vez que noutras alturas de crises de escassez, a redução no tamanho das doses de vacinas permitiu combater outras doenças, como lembra David Hunter, professor de epidemiologia e medicina da Universidade de Oxford: “Esticar o stock que há administrando doses mais baixas tem sido uma estratégia usada em situações de emergência, quando o abastecimento de vacinas contra o ébola e a poliomielite era limitado. ”
O Governo britânico pretende começar, à partida no próximo mês, com as doses de reforço para pessoas que enfrentam maior risco e que precisam de renovar os níveis de imunidade.
O efeito que doses de reforço mais pequenas podem ter já está a ser analisado num estudo financiado pela task force do Governo britânico e pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde. Os investigadores estão a testar a segurança e os efeitos secundários de diferentes doses, até porque é possível que quantidades menores da vacina aumentem as respostas imunológicas e, ao mesmo tempo, reduzam o risco de efeitos secundários.
Estima-se que sejam necessárias cerca de 11 mil milhões de doses para vacinar totalmente 70% da população mundial. Até agora, foram administradas 4,97 mil milhões e os investigadores estimam que as populações mais pobres do mundo terão de esperar até 2023 por uma vacina.
Já foram concluídos alguns estudos quanto às doses fracionadas. Um artigo elaborado pelo epidemiologista Benjamin Cowling, da Universidade de Hong Kong, verificou que o uso de doses mais baixas “é uma potencial solução para esta escassez global de vacinas que não recebeu atenção e consideração suficiente”.
“Qualquer programa de reforço será baseado no conselho final do Comité Conjunto de Vacinação e Imunização. Nenhuma decisão pode ser tomada sobre critérios gerais” divulgou um porta-voz do Departamento de Saúde e Assistência Social.
“O Reino Unido está empenhado em apoiar uma recuperação global da pandemia Covid-19 e melhorar o acesso às vacinas. Vamos doar 100 milhões de doses de vacinas excedentes no próximo ano, bem como apoiar o Covax para distribuir 1,3 mil milhões de doses para 92 países em desenvolvimento”, acrescentou.