A VISÃO Saúde falou com três nutricionistas sobre as dúvidas mais comuns. O light é melhor? Beber só líquidos emagrece? Os suplementos ajudam a perder peso? Veja o que dizem Alina Fernandes, Sara Pereira e Lilian Barros sobre estas e outras questões essenciais para quem luta contra a gordura
1. O “light” é bom ou é mau?
Depende, avisa a nutricionista Lilian Barros, lembrando que o “termo light é utilizado em alimentos para informar uma redução de, no mínimo, 25% do valor calórico comparativamente ao produto alimentar dito normal”. E “este abaixamento calórico”, diz, “é feito às custas da redução de macronutrientes fornecedores de energia como, por exemplo, os hidratos de carbono e/ou as gorduras”. Assim, acrescenta, “se for light por ter menos gordura saturada, à partida é um bom produto. Ao eliminarmos gordura ou ao reduzirmos a sua quantidade, conseguimos uma descida calórica, uma vez que cada grama tem nove quilocalorias”, refere a nutricionista. Em muitos produtos light, como os refrigerantes, sumos ou iogurtes, os açúcares são substituídos por adoçantes menos calóricos ou desprovidos de calorias, como estévia, sorbitol, aspartame, ciclamato, sucralose ou sacarina. “Por isso, o mais importante é observar sempre quais os ingredientes que foram adicionados para compensar o sabor, a textura e o tempo de conservação, assim como a qualidade nutricional do produto obtido, consultando-se religiosamente a lista de ingredientes”, aconselha.
2. Ser vegano emagrece?
Não é determinante, garantem as nutricionistas, ainda que sublinhem que as pessoas com uma dieta vegana ou vegetariana tenham pesos mais saudáveis. Na verdade, tudo depende do equilíbrio da dieta. “Não é por ser vegana que a pessoa tem mais facilidade em emagrecer”, diz Sara Pereira, nutricionista do Celeiro, garantindo que, nestas dietas, caso haja uma alimentação desequilibrada, há uma grande predominância na ingestão de hidratos de carbono e de proteína vegetal, que pode ser mais calórica do que a dieta clássica. “Se a pessoa ingerir mais calorias do que as que está a gastar, vai dar ao mesmo”, conclui.
3. Sushi não engorda?
Depende do que se come, garante Alina Fernandes, nutricionista do Hospital dos Lusíadas Porto. Tudo varia consoante a quantidade, a confeção e o dia alimentar da pessoa. Se um jantar de sushi com 500 quilocalorias se juntar às mil já ingeridas ao longo dia, o saldo total dá 1 500 quilocalorias diárias, o que, para a nutricionista, não é mau. No entanto, o mesmo já não se aplica caso a pessoa tenha ingerido um total de três mil quilocalorias. O aspeto positivo do sushi é que este é à base de peixe e, assim sendo, nota Sara Pereira, uma pessoa ingere menos gordura saturada e colesterol em comparação a uma refeição com carne.
4. As gorduras vegetais são sempre mais saudáveis?
Nem todas as gorduras vegetais são saudáveis. Isto porque, segundo Lilian Barros, há um processo chamado “hidrogenação”, que transforma os óleos vegetais saudáveis em gorduras sólidas. “Acontece para aumentar o tempo de validade dos óleos e não os deixar rançosos”, diz. Os cremes vegetais, o óleo de soja, óleo de milho e de canola são alguns exemplos desses óleos que passam por esse processo de hidrogenação, deixando-nos não tão saudáveis. Outros óleos como o azeite, o óleo de semente de uva, de abacate, óleo de coco, por não passarem por esse processo, são saudáveis quando ingeridos em quantidades moderadas.
5. Há chás que ajudam a perder peso?
Sim, explicam as nutricionistas. Há chás que podem evitar a retenção de líquidos ou ajudar o intestino a funcionar melhor, diz Alina Fernandes, alertando, porém, que se a pessoa continuar a comer mais do que precisa e a beber chá, então não vai emagrecer. “Há chás que podem ter impacto no metabolismo e ajudar a emagrecer”, concorda Sara Pereira, lembrando o efeito positivo do chá verde ou o de matcha. Já o chá de erva-príncipe ou o de dente-de-leão ajudam as pessoas se sentirem menos desconforto abdominal.
6. Deve optar-se por produtos que dizem 0% de açúcar e 0% de gordura?
Quando os produtos referem ter 0% de açúcar ou 0% de gordura informam-nos da “ausência total destes componentes”, explica Lilian Barros, avisando que isso não significa que o produto não apresente açúcar, apenas que não lhe foi adicionado açúcar suplementar. “Um produto sem açúcar adicionado parece preferível face a um que tenha açúcar adicionado”, diz a nutricionista, acrescentando ser “importante sempre avaliar a lista de ingredientes completa e as tabelas nutricionais, para se perceber se a restante composição do produto não boicota a alegação nutricional mencionada”.
7. Só beber líquidos é saudável?
Não, alertam as especialistas em nutrição. Há muitos nutrientes que se perdem só com uma dieta líquida que, normalmente, é pouco calórica e com pouca proteína, diz Alina Fernandes. No entanto, a nutricionista admite que esta dieta possa sei feita muito esporadicamente, mas “tem de ser altamente controlada e orientada”, alerta. E Sara Pereira acrescenta que este tipo de alimentação só se torna mais saudável se envolver hidratos de carbono, tanto os de absorção lenta (cereais, arroz e massa) como também os de absorção rápida (fruta).
8. O adoçante é melhor para quem quer perder peso?
Ainda que haja muita diversidade de opiniões entre os profissionais de saúde sobre o uso de adoçante para substituir o açúcar, os nutricionistas aconselham uma reeducação do paladar e que os produtos sejam consumidos ao natural. Caso seja mesmo necessário adoçar, Sara Pereira sugere a estévia, a geleia de agave e o açúcar de coco como algumas das alternativas ao açúcar.
9. Medicamentos e suplementos são o segredo para perder peso?
Não há nenhum que, por si só, faça emagrecer, garante Aline Fernandes, explicando que estes podem fazer a diferença apenas quando a alimentação é perfeita. “Enquanto esta não for corrigida, eles não darão resultado. Por muito que seja natural ou sintético, sozinhos não fazem efeito”, sublinha Alina Fernandes, acrescentando que já houve muitos medicamentos e suplementos no mercado que foram retirados. “Não há evidência científica que comprove o uso de suplementos alimentares para emagrecer.”
10. Há produtos naturais que podem ajudar a emagrecer?
Sim, garante a nutricionista Sara Pereira, mas há uma condição para isso: “têm de ser conjugados com hábitos alimentares saudáveis e com exercício físico”. Alguns destes produtos, refere, “podem ajudar a reduzir o apetite e outros podem até ajudar a controlar a vontade de comer doces”. Como exemplo, Sara Pereira dá os que são feitos à base de chá verde, “já que podem aumentar o gasto energético em repouso e contribuir para estimular o metabolismo”. No entanto, a nutricionista lembra que deve ser sempre procurado aconselhamento antes de se tomar estes produtos.
11. Não comer hidratos de carbono é sinónimo de perder peso?
Não, defende Alina Fernandes, sendo esta a principal asneira que as pessoas costumam fazer. Segundo explica, os hidratos de carbono devem ser a base da alimentação, mesmo numa dieta de emagrecimento: “São insubstituíveis porque são energéticos e nós precisamos dessa energia para sobreviver.”
12. Jantar sopa e fruta é uma boa opção para emagrecer?
Ajuda a emagrecer, diz Sara Pereira, notando que se trata de uma refeição pobre em calorias. No entanto, a nutricionista lembra que há pessoas para quem esse tipo de refeição não é suficiente. “Tem um período de saciedade curto”, explica, dando soluções para resolver esse problema: juntar leguminosas, como feijão, grão ou lentilhas, ou complementar a refeição com um ovo cozido ou um iogurte, por exemplo.
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