“As pessoas não vacinadas são potenciais fábricas de variantes”, uma vez que as mutações que se replicam podem-se tornar variantes e os hospedeiros não vacinados permitem isso mais facilmente. O aviso é de William Schaffner, professor na Divisão de Doenças Infeciosas do Centro Médico da Universidade de Vanderbilt, citado pela CNN.
Tendo em conta que a única fonte de novas variantes do coronavírus é o corpo de uma pessoa infetada, “quanto mais pessoas não vacinadas houver, mais oportunidades existem para o vírus se multiplicar”, disse Schaffner.
Todos os vírus sofrem mutações, e embora o coronavírus responsável pela Covid-19 não seja particularmente propenso à mutação, ele muda e evolui. “Quando o faz, ele sofre uma mutação, e pode desencadear uma mutação da variante que é ainda mais grave”, sublinha.
A maioria das variantes mais recentes acrescentou alterações à D614G – proteína mais infeciosa e transmissível do SARS-CoV-2. A variante Alfa tornou-se a variante dominante nos EUA no final da primavera, graças à sua transmissibilidade extra. Agora, a variante Delta é ainda mais transmissível, e está preparada para se tornar a variante dominante em muitos países. Em Portugal, esta variante continua com uma tendência crescente, sendo já responsável por 70% dos novos casos de infeção
Por vezes, um vírus desenvolve uma mutação aleatória que lhe confere uma vantagem – maior transmissibilidade, por exemplo, ou uma replicação mais eficiente, ou uma capacidade de infetar uma grande diversidade de hospedeiros. Se uma pessoa infetada passar o vírus para outra pessoa, ela estará a passar a versão mutante, e se essa versão for suficientemente bem-sucedida, torna-se uma variante.
Uma pessoa não vacinada proporciona essa oportunidade. “À medida que as mutações surgem em vírus, os que persistem são os que facilitam a propagação do vírus na população”, disse Andrew Pekosz, microbiologista e imunologista da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg.
“Cada vez que o vírus muda, isso dá ao vírus uma plataforma diferente para adicionar mais mutações. Agora temos vírus que se propagam de forma mais eficiente”, explicou.
As vacinas atuais protegem contra todas as variantes até agora, mas isso pode mudar a qualquer momento, daí ser tão importante que a vacinação de toda a gente aconteça o mais rapidamente possível.
As populações de pessoas não vacinadas dão ao vírus a oportunidade não só para se espalhar, mas também para mudar. “Basta uma mutação numa só pessoa”, salienta Philip Landrigan, pediatra e imunologista do Boston College.
“Quanto mais permitirmos que o vírus se propague, mais oportunidades o vírus tem de mudar”, alertou a Organização Mundial de Saúde no mês passado.