Um grande ensaio internacional com o medicamento olaparibe, utilizado para o tramento da mama, ovário, e da próstata em pessoas com mutações dos genes BRCA 1 e BRCA2, concluiu que mulheres com cancro da mama hereditário têm maior hipóteses de sobrevivência caso sejam tratadas com esse fármaco. Os resultados foram agora publicados na revista científica New England Journal of Medicine.
Os testes com o olaparibe, realizados 921 mulheres (e mais 915 que foram tratadas com um placebo), pretendiam avaliar se o medicamento era capaz de prevenir a recidiva do cancro da mama, assim como o aparecimento de novos cancros, e durariam dez anos, mas acabaram agora, dois anos e meio depois do seu início, por terem revelado resultados claramente positivos, afirmam os investigadores. De acordo com a equipa, o olaparibe conseguiu reduzir em mais de 40% a probabilidade de morte, assim como do risco de recorrência ou desenvolvimento de um novo cancro.
Os resultados, recentemente apresentados na conferência da American Society of Clinical Oncology, mostraram que quase 86% das mulheres que tinham finalizado os tratamentos para o cancro, e que tomaram o medicamento em comprimido durante um ano, não tiveram recidivas do cancro durante três anos. Já nas mulheres que tomaram um placebo em vez do olaparibe, essa percentagem desceu para cerca de 77%. Em relação a metástases, não houve aparecimento delas em 87,5% das mulheres que tomaram o medicamento e em 80,4% das que ingeriram um placebo.
Os testes revelaram, ainda, uma recorrência de carcinoma invasivo ou morte em 106 das mulheres tratadas com o olaparibe e em 178 das doentes tratadas com um placebo, num período de três anos após o início dos tratamentos.
Em Portugal, o olaparibe já é utilizado no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para tratamento do cancro da mama. “São vários milhares por mês que se gastam para tratar uma doente. Mas a vida não tem preço”, esclarece à VISÃO Sofia Braga, oncologista no Hospital CUF Descobertas, em Lisboa. No País, existem 6 mil novos casos de cancro da mama por ano e 1500 mortes. Além disso, a quantidade de doentes, no geral, que está livre desta doença após cinco anos é de 90%. Nas mulheres abaixo dos 35 anos, essa percentagem desce para os 80%.
Os investigadores esperam agora que o olaparibe, que já está licenciado para tratamento de formas genéticas do cancro da mama, ovário, próstata e pâncreas, seja rapidamente avaliado para utilização no Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), para que seja acessível a todas mulheres com este tipo de cancro da mama, provocados por uma mutação no gene BRCA1 ou BRCA2.