Raquel Duarte, da Administração de Saúde do Norte, apresentou na reunião do Infarmed um plano para continuar o desconfinamento depois de junho assente em três níveis.
Antes disso, no entanto, a ex-secretária de Estado da Saúde referiu que os 77 especialistas consultados para a execução deste plano foram “quase unânimes” na manutenção das medidas de proteção individual e que as pessoas da comunidade consultadas revelaram preocupação com um “recuo no desconfinamento”, com “eventos de grande dimensão” e que defendem o uso generalizado das máscaras.
O plano apresentado assenta em pressupostos como a continuação da testagem e da vacinação, vigilância serológica das variantes e põe grande foco na “ventilação dos espaços interiores”.
Nesta nova carta de desconfinamento foi, também, tida em conta a dificuldade em conter “as atitudes espontâneas” da população na busca da recuperação de meses de privação, sendo que, desta forma, se propõe uma “organização concertada e controlada” de pequenos e médios eventos (culturais, desportivos), com capacidade para dispersar os diferentes públicos, sempre com máscara.
A pneumologista disse ser “obrigatório” e “importantíssimo” assegurar a ventilação adequada dos espaços interiores, sejam restaurantes ou locais de trabalho. Raquel Duarte notou que se deve dar “atenção particular aos países com aumento de casos por novas estirpes”, além de vigiar as fronteiras. Defendeu estratégias para minimizar o impacto da pandemia na saúde mental, sobretudo “nos mais vulneráveis”, apostando, por exemplo, na “literacia em saúde psicológica para promover o auto cuidado e o bem-estar”. A forma de “comunicar”, explicou, é fundamental e deve ser adaptada aos diferentes tipos de público.
As três fases de descofinamento
As regras gerais: nas atividades interiores é obrigatório investir na ventilação e climatização; se necessário abrir janelas e portas e promover atividades ao ar livre; promover testagem alargada; utilização de máscara; promover a higienização e, apesar de forma mais alargada, as “bolhas” de familiares ou contactos.
Na restauração, aconselha-se a que as pessoas estejam sentadas à mesa, com distanciamento de dois metros entre mesas, definido um número de pessoas por metro quadrado e uso generalizado de máscara, só com exceção para o momento em que se está a comer. Neste nível, ainda haverá um máximo de seis pessoas no interior, mas no exterior passam a quinze. No nível seguinte, serão 8 no interior e 20 no exterior. E no último nível, passam a só se aplicar as regras gerais.
Nos eventos de grandes dimensões ao ar livre com espaço delimitado, propõe-se testagem de 48h a 72h antes, utilização obrigatória de máscara, circuitos definidos e o cumprimento do número de pessoas por metro quadrado. Quanto a espaços não delimitados, os eventos só devem ser realizados se for possível controlar os locais onde as pessoas possam ficar.
A circulação em espaços públicos deve ser feita com máscara, exceto no último nível, em que as pessoas poderão circular normalmente se não for em espaço fechado ou numa aglomeração.
Nos convívios familiares, a ideia é fazer uma avaliação de risco tendo em conta a idade e a vacinação, com testagem de pessoas não vacinadas, limite primeiro de dez pessoas e, nos dois níveis seguintes, sem limite de pessoas (mantendo avaliação de risco).
No último nível, os transportes públicos ficam sem limitação de lotação, mas os táxis e TVDE devem manter a restrição dos passageiros só se sentarem atrás. Nos centros comerciais, mantém-se obrigação do uso de máscara.