A adesão dos estudantes universitários à testagem à Covid-19 parece ter diminuído nas últimas semanas. Segundo o Jornal Público, tanto a Universidade de Lisboa (UL) como o Instituto Politécnico de Setúbal sentiram uma diminuição no número de estudantes convocados que realmente apareceram para serem testados.
“Quando fazemos uma convocação a 100 estudantes, cerca de 33% respondem de imediato e os outros não. Isto mostra alguma resistência que existe neste momento à testagem. A resistência tem sido crescente, e é sobretudo da parte dos jovens”, diz o vice-reitor da UL, João Barreiros, ao Público.
Já Pedro Dominguinhos, presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, revela que, naquela instituição, a adesão, que já rondou os 70%, situa-se atualmente nos 15%.
Com a incidência na região de Lisboa e Vale do Tejo em tendência crescente, desde o início do mês, esta situação pode revelar-se preocupante, pois, tal como referiram vários especialistas à VISÃO, a principal arma para travar a epidemia, neste momento, é a testagem massiva.
O Governo já anunciou que deverá arrancar, esta semana, com um programa de testagem em massa, na cidade de Lisboa, “nomeadamente em estabelecimentos de educação ou ensino, aeroportos e portos, eventos e empresas com mais de 250 trabalhadores”, assegurou o Ministério da Saúde à VISÃO.
Segundo o Ministério, a task force da testagem encontra-se já a desenvolver “um conjunto de iniciativas, em articulação com a Câmara Municipal de Lisboa, Direção-Geral da Saúde, Cruz Vermelha Portuguesa, entre outras, com vista a promover uma efetiva testagem a curto prazo na região de Lisboa e Vale do Tejo, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa”.
Apesar de já estarem identificadas algumas freguesias com maior incidência de casos, “nas quais os níveis de testagem serão, naturalmente, reforçados”, o Ministério preferiu não avançar ainda nenhuma lista.
Estas ações vão ter em conta grupos etários específicos, “em particular o grupo dos 20 aos 40 anos, assim como populações mais vulneráveis como os trabalhadores migrantes”. Também os eventos que potenciem a concentração de um grande número de pessoas, como casamentos, batizados ou eventos públicos, serão alvo de reforço dos níveis de testagem.
No entanto, quando questionado pela VISÃO sobre a data de arranque de tais ações, bem como o dia a partir do qual estarão disponíveis os postos móveis de testagem nas principais zonas de animação noturna de Lisboa (Príncipe Real, Bairro Alto, 24 de julho, hostels e praças de alimentação de grandes superfícies como o Centro Comercial Colombo), que o coordenador da task force para a testagem referiu ao Jornal Público, o Ministério da Saúde preferiu não avançar mais informação.
Ainda assim, uma fonte do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) adiantou ao Diário de Notícias que a testagem em massa na cidade de Lisboa deve arrancar esta quinta-feira nas escolas do 3.º ciclo e do secundário, continuando, depois, pelo Ensino Superior.
Resta saber ainda se serão implementadas medidas que tornem a testagem obrigatória, algo que neste momento não existe e dá aso, precisamente, a situações de baixa adesão à mesma, como reportado pela UL e pelo Politécnico de Setúbal.