A vacina da AstraZeneca vai ser suspensa, em Portugal, nos grupos etários mais jovens, com menos de 60 anos, avançou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, esta quinta-feira à tarde, em conferência de imprensa. A decisão foi tomada um dia depois da Agência Europeia do Medicamento (EMA) reconhecer uma ligação entre a toma desta vacina e quase uma centena de casos de tromboses em pessoas com menos de 60 anos; sendo que os especialistas da EMA também afirmaram que os benefícios da AstraZeneca continuavam a ser maiores que os riscos.
Esta alteração atrasa uma semana o Plano de Vacinação contra a Covid-19 para os professores e funcionários de escolas, explicou o coordenador da Task Force, Henrique Gouveia e Melo. No entanto, o vice-almirante continua a acreditar ser possível que “a maior parte da população com mais de 65 anos esteja toda vacinada” no final de maio.
A diretora-geral da saúde, por sua vez, pediu que “as pessoas [que tomaram esta vacina] mantenham a calma”, lembrando que as contraordenações são “extremamente raras”, mas que é importante que estejam atentas a sintomas estranhos (dores de cabeça persistentes, hematomas, manchas vermelhas na pele) nos sete a 14 dias que se seguem à administração. Para quem tomou apenas uma dose e ainda aguarda pela segunda, será preciso “esperar pelo conhecimento”, continuou Graça Freitas.
Em Portugal, até ao momento, foram detetadas duas situações de fenómenos trombóticos em pessoas com menos de 60 anos, uma com a vacina da AstraZeneca e outra depois de outra vacina. Não há registo de mortes.
Portugal atingiu, esta quinta-feira, os dois milhões de inoculações. Ou seja, 15% da população já recebeu, pelo menos, uma dose da vacina contra a Covid
O País utilizou 400 mil doses da AstraZeneca e tem outras 200 mil em reserva, informou Gouveia e Melo. No segundo trimestre, está ainda prevista a chegada de mais 1,4 milhões de doses.
Sobre a quantidade de pessoas que têm recusado ser vacinadas com a AstraZeneca, o vice-almirante disse não ter números desta realidade; reforçando a ideia de não cabe aos vacinados escolher a dose que tomam. “As vacinas são seguras e eficazes”, garantiu.
No mesmo dia em que a EMA levantou dúvidas sobre os possíveis efeitos secundários da vacina, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indicou que a “relação causal entre a vacina e a ocorrência de coágulos de sangue com plaquetas baixas é considerada plausível, mas não é confirmada”, acrescentando que é necessário fazer mais estudos. Até agora, este fenómeno foi encontrado sobretudo em pessoas do sexo feminino com menos de 60 anos, sem que seja claro o porquê.
Portugal junta-se assim a uma lista de dez países europeus que impuseram limitações a esta vacina. Em Espanha, Itália, na Alemanha e na Holanda, a AstraZeneca não é dada a menores de 60 anos; na Suécia a menores de 65, em França e na Bélgica a menores de 55, no Reino Unido a menores de 30 e na Noruega e na Dinamarca a vacina foi proibida, em todas as idades. Também nos Estados Unidos, Canadá e Filipinas há restrições.