O mais recente ponto de situação aponta para mais de 107 milhões de pessoas infetadas pelo coronavírus em todo o mundo, desde que há um ano, a Organização Mundial da Saúde chamava a atenção para a nova doença que assolava o planeta. Desde então, morreram quase 2,4 milhões com Covid-19. O grande responsável pela pandemia que ocupou praticamente todo o ano de 2020 – e que prossegue a causar-nos as maiores dores de cabeça – é um coronavírus, conhecido por ser redondo, com espículas à superfície e de dimensões infinitamente pequenas. Saber quanto espaço ocupariam essas partículas se as reuníssemos todas num recipiente foi o desafio a que se lançou um matemático britânico – que acaba de apresentar os seus resultados ao mundo. Um impressionante número com 17 zeros (dezassete!), mas que não ocupa o volume de uma lata inteira de um qualquer refrigerante.
Como conta Christian Yates, o matemático da Universidade de Bath, no Reino Unido, que fez o cálculo para um programa da BBC, saber que o SARS-CoV-2 é microscópico era só uma pequena parte da tarefa. “Para nos colocar em perspetiva, podemos dizer que o raio do SARS-CoV-2 é aproximadamente mil vezes mais fino do que um cabelo humano”, descreve o especialista. Mas para saber a quantidade que há no mundo, Yates teve de juntar à sua fórmula a quantidade de pessoas infetadas em todo o mundo num determinado momento, inspirando-se, para isso, nos modelos epidemiológicos.
É que, como também explica, “de acordo com o site de estatísticas Our World in Data, meio milhão de pessoas testam positivo para Covid todos os dias. No entanto, sabemos que muitas pessoas não estão incluídas nesta contagem porque são assintomáticas ou por não serem testadas.” Assim, cruzando os modelos estatísticos e epidemiológicos do Institute for Health Metrics and Evaluations estimou que o número real de pessoas infetadas todos os dias é mais próximo dos 3 milhões. “Isto assumindo que os seres humanos, e não os animais, são o reservatório mais significativo para o vírus.”
Depois, Yates teve de estimar qual a carga viral de quem está contagiado, uma medida que é variável ao longo do tempo em que se está contagiado. Contando com um período ativo da infeção de cerca de seis dias, e com um pico de carga viral a variar entre os mil milhões e os cem mil milhões de partículas, o matemático fez a conta à média geométrica (10 mil milhões) e foi assim que chegou ao resultado final: 2 000 000 000 000 000 000, ou 2×10¹⁷ de partículas virais no mundo neste momento.
Mas apesar da quantidade quase impronunciável de zeros – dezoito, mais precisamente – e de isso ser mais ou menos o mesmo número de grãos de areia que há no planeta, ao calcular o volume total, Yates concluiu que, tudo junto, não ocuparia muito mais de 120 ml. “No máximo, 160 mililitros”, frisa, precisando que ao valor total acrescentara eventuais espaços vazios que pudessem ficar entre as esferas, por causa das proteínas de espícula. Ou seja, como remata Yates no seu texto, “mesmo todas juntas, as partículas do SARS-CoV-2 que há no mundo não davam para encher uma lata de refrigerante”.