Usando a terminologia popular, o ponto rebuçado do SARS-CoV-2 são os 4,4 graus Celsius. Ou seja, será esta a temperatura ideal para o vírus contagiar mais pessoas.
Esta foi a conclusão a que chegaram os investigadores de três universidade norte-americanas (Califórnia, Wake Forest e (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e dois consultores independentes ao analisarem a relação da temperatura do ar com o aumento das infeções por Covid-19. Os resultados revelam que o frio pode ter mais importância na transmissão do que se julgava.
Segundo a análise dos cientistas, quanto menor é a temperatura mais incidência terá o vírus. A disseminação aumenta abaixo dos 31 graus Celsius. As temperaturas entre os 5 e o 10 graus Celsius favorecem mais a transmissão, sendo que a temperatura ideal (a que dão o nome de “sweep spot”) são os 4,4 graus Celsius.
O pneumologista Filipe Froes diz que é “normal” que assim seja. “Sabemos que as temperaturas baixas favorecem o aumento da sobrevivência dos vírus. Quando está frio estamos mais fechados, não abrimos tanto as janelas e estamos mais próximos uns dos outros.”
Para agravar a situação, nota, “este é um vírus novo, é a primeira vez que está a circular” e, por isso, “estamos todos suscetíveis”. No entanto, está a fazer o “mesmo caminho” que outros já existentes. Recorde-se que em 2009, quando a Gripe A chegou a Portugal, “houve casos de gripe no verão, porque também era um vírus novo”, relembra Filipe Froes. O mesmo se verificou no verão passado, quando começou a segunda vaga em vários países da Europa e as temperaturas estavam altas.
Na terça-feira, 9, Henrique Barros, especialista em saúde pública e epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, reportou, aquando da reunião no Infarmed sobre a evolução da pandemia em Portugal, que as temperaturas podem influenciar as infeções.
No entanto, ressalvou, que a relação frio/calor com o vírus carece de mais estudos e aprofundamento da análise.