De forma a acabar ou, pelo menos, diminuir a procrastinação do dia-a-dia, Jason Wessel, candidato a doutoramento da Universidade de Griffith, em Queensland, Austrália, realizou recentemente um estudo, que resultou num conjunto de quatro perguntas que as pessoas devem colocar a elas próprias regularmente, de modo a conseguir resistir mais facilmente às distrações prejudiciais.
Existem já vários estudos que mostram que a procrastinação, que consiste em evitar frequentemente as tarefas do dia-a-dia, mesmo as mais simples, como meditar ou fazer exercício, não se se trata apenas de uma má gestão do tempo, mas sim de uma maneira de reparar as nossas emoções e os nossos sentimentos. Isto porque, quando nos é apresentada uma tarefa de que não gostamos, ou de algum modo nos causa transtorno, o nosso cérebro tenta obter os ditos prazeres temporários. Uma compensação. A procura de um escape. Algo que nos faz adiar para depois ou para amanhã.
Este hábito pode fazer com seja difícil cumprir horários e prazos de entregas de trabalhos e tem um impacto negativo na vida das pessoas, podendo, inclusivamente, interferir com o emprego e estando muitas vezes associado a salários mais baixos e maior probabilidade de desemprego.
Para desenvolver o seu método, Wessel quis, em primeiro lugar, entender o que causa este hábito. Existe uma teoria que o explica, a Teoria da Motivação Temporal, que mostra quais os fatores que afetam a nossa motivação, e, consequentemente, a nossa propensão para adiar o que temos para fazer. São eles a expetativa, que está ligada à taxa de sucesso que achamos que vamos ter depois da tarefa concluída; a quantidade de prazer que vamos obter; a nossa impulsividade, isto é, a nossa tendência para a distração; o tempo de espera pela recompensa; e, por último, o nosso autoconhecimento, que permite conhecer a nossa maneira de pensar e ajudar-nos a perceber melhor como conseguimos resistir à vontade de procrastinar.
Com base nisto, o investigador criou quatro perguntas:
- Como se pode atingir o seu objetivo com sucesso?
- Como se vai sentir se não concluir a tarefa?
- Qual é o próximo passo?
- Se pudesse fazer uma coisa para atingir o objetivo dentro do prazo, qual seria?
Para a realização do estudo, Wessel recrutou 100 alunos e atribuiu-lhes um trabalho para realizar em duas semanas, que valia um terço da nota final. Ao longo do processo, os alunos tinham de procurar responder àquelas perguntas. Para monitorizar o progresso, Wessel enviava-lhes mensagens regulares para saber os seus níveis de trabalho concluído, de 0 a 100.
O investigador concluiu que os alunos que, de facto, refletiam sobre as quatro perguntas tinham maior probabilidade de começar o trabalho proposto mais cedo, em vez de o adiar. No entanto, os resultados não eram imediatos, as perguntas tinham de ser feitas várias vezes até os alunos começarem de facto a trabalhar. Uma forma eficaz de aplicar este método é o uso de alarmes. E, embora os lembretes frequentes possam ser incomodativos, os alunos relataram que os ajudou bastante.