A notícia de que Marcelo Rebelo de Sousa está infetado com Covid-19 chegou dias depois de um dos seus assessores mais próximos, com quem tinha estado no dia 4, ter testado positivo (dia 6). As autoridades de Saúde consideram nessa altura que o Presidente da República não era um contacto de risco e levantaram por isso a indicação de isolamento profilático. O debate com André Ventura que estava agendado para essa noite na Sic, e que chegou a ser anunciado que seria por via digital, acabou por ser retomado na forma presencial.
Perante este cenário, levanta-se agora a hipótese de o contágio ter sido feito exatamente por esse elemento da sua equipa. Se foi esse o caso, algo terá falhado na avaliação de risco? Porque não ficou o Presidente em isolamento? “Com base nos inquéritos epidemiológicos feitos no caso do assessor, foi definido que o Presidente da República era um contacto de baixo risco, mas isso não significa risco zero”, nota Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, salientando que não conhece o caso concreto e lembrando que para se ter a certeza de que a infeção do Chefe de Estado tinha resultado do contágio do seu assessor teria de ser feito de genomatipo.
Marcelo Rebelo de Sousa, segundo contou o próprio à imprensa, teve dois contactos com o elemento da Casa Civil na segunda-feira, dia 4 janeiro. Um no Palácio de Belém, onde se cruzaram, e outro ao ar livre junto à Basílica da Estrela, onde estavam por causa da missa de corpo presente de Carlos do Carmo. Neste último encontro estiveram a conversar, mas, segundo disse, de máscara e cumprindo a distância necessária. Situação que levou as autoridades de saúde a considerarem que não se enquadrava num contacto de alto risco. Isto seguindo o que dizem estar estabelecido nos protocolos de atuação, que definem que, entre outros, um contacto de risco é o que está mais de 15 minutos e a menos de dois metros de distância.
Perante este cenário, a DGS decidiu que não seria necessário o Presidente ficar em isolamento. E ao contrário do que tem sido comum com muitos dos dirigentes políticos que têm contacto com alguém positivo – como foi o caso de António Costa, por exemplo, que ficou em isolamento -, Marcelo pode continuar a cumprir a sua agenda, nomeadamente a participar em debates.
“Os contactos de baixo risco podem sair à rua mas têm outras regras como a de não estarem em aglomerações e de vigiarem de perto a saúde”, esclarece Ricardo Mexia, admitindo, que no caso de altas figuras do Estado, se devia ainda ter mais cautelas.
Além disso, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública aproveita para lembrar que este caso, levanta de novo a questão da decisão de não se vacinar entre os primeiros os cidadãos com cargos importantes no País. “Deviam estar entre os grupos a ser vacinados na primeira fase”, diz.
Apesar de não estar em isolamento, Marcelo fazia testes regularmente. Aliás, nas últimas 24 horas, fez três testes. Esta segunda-feira, chegou a fazer um teste de antigénio (dos rápidos) que deu negativo e depois de fazer o chamado PCR, que exige análise laboratorial, soube que estava positivo à Covid-19. Nas 48 horas anteriores, já com potencial poder de contágio, esteve com os outros candidatos presidenciais, tendo alguns anunciado de imediato que ficavam em isolamento profilático.