O feito é de um grupo de investigadores da Universidade de Chicago, que quer tornar o modelo amplamente disponível para ajudar a investigação a avançar o mais possível no combate à pandemia.
“Se conseguirmos compreender como funciona um vírus, esse é o primeiro passo para o deter”, disse já, citado pelo Chicago News, Gregory Voth, cuja equipa criou o modelo publicado no Biophysical Journal – um jornal publicado pela Cell, em nome da Biophysical Society. “Cada coisa que se sabe sobre o ciclo de vida e composição do vírus pode ser um ponto de vulnerabilidade que nos permita atingi-lo”, sublinhou.
O que Voth e a sua equipa fizeram foi procurar as características mais importantes de cada componente individual do vírus e usá-las para criar um modelo computacional, para assim criar simulações e testar o seu comportamento. É que, embora os vírus sejam das entidades biológicas mais simples, a modelação computacional continua a ser um grande desafio – especialmente quando se tenta recriar algumas das interações do vírus com o corpo do seu hospedeiro, o que significaria representar milhares de milhões de átomos.
“Poder-se-ia tentar executar um modelo ao nível do átomo de todo o vírus, mas, computacionalmente, isso iria atolar-nos em detalhes e dificultar que avançássemos para o passo seguinte e descobrir informação mais útil”, explicou ainda Voth. Até agora, por exemplo, muitos investigadores concentraram-se na criação de modelos da proteína do vírus, mas segundo Voth aqueles continuam apenas a ser continua a ser apenas uma parte de um quadro mais amplo. “Cada coisa que se sabe sobre o ciclo de vida e composição do vírus é um ponto de vulnerabilidade onde se pode atingi-lo”, prossegue o especialista na sua explicação, frisando que “o vírus em si é algo holístico”. Ou seja, “não se pode presumir que se possa olhar para partes individuais isoladamente. Os vírus são mais do que apenas a soma das partes”.
É por isso que o seu trabalha há anos em modelação de vírus, como por exemplo o VIH, o vírus da sida. Uma das lições que aprenderam, como bem recorda agora, é que “as várias partes do vírus funcionam em cooperação”.
Por exemplo, insiste, os cientistas bem podem investigar e desenvolver um medicamento que se liga às proteínas da espícula do vírus, para evitar que estas se liguem às células do hospedeiro. “Uma das questões a que vai ser preciso responder é qual a dose necessária para que funcione e qual a percentagem da margem de erro. E isto é chave quando se tentam criar medicamentos, ou anticorpos, e é algo que se pode compreender melhor se se olhar para um vírus por inteiro”.
Além disso, salienta, o modelo agora criado também fornece um quadro no qual os cientistas podem acrescentar informações adicionais sobre o SARS-CoV-2, assim que forem feitas novas descobertas. “O que esperamos, ainda, é que se revele útil não só para a conceção de um medicamento bem como para a compreensão de mutações que possam surgir, como a recentemente detetada no Reino Unido.”