As queixas não têm parado de chegar às ordens profissionais e dão conta de falhas na prioridade na vacinação que começou a ser feita no dia 27 de dezembro nos hospitais portugueses. As denúncias dão conta de que em alguns hospitais terão sido vacinados médicos que estavam de baixa há meses , sem contacto com doentes, profissionais em teletrabalho, ou até pessoal administrativo como secretárias clínicas e informáticos. O critério em alguns hospitais gerou desde logo descontentamento e revolta, por estarem a ser preteridos alguns dos que estão em maior contacto com os doentes Covid-19. “Uma médica do serviço de pneumologia e que trata doentes Covid-19 não entende como não foi vacinada, quando depois muitos colegas que nada têm a ver com estes doentes o foram”, explica Carlos Cortes, responsável da Ordem dos Médicos do Centro, relatando este caso do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra . Este é um dos hospitais que gerou mais queixas. Ao todo, a Ordem dos Médicos já recebeu 20 denúncias sobre os critérios de vacinação do hospital. Aliás, entre os profissionais corria a indignação por estarem a ver certos profissionais, que nunca estiveram na linha da frente anti-Covid, a serem vacinados quando outros que passam os dias a correr mais riscos não eram escolhidos.
“Cada hospital definiu o seus critérios”, diz Carlos Cortes, lembrando que perante estas suspeitas a Ordem ja enviou um pedido de esclarecimento ao conselho de administração do CHUC, do qual ainda não recebeu resposta.
Além de Coimbra, há outros hospitais alvo de queixa. À Ordem dos Enfermeiros, segundo adiantou à VISÃO a bastonária Ana Rita Cavaco, chegaram reclamações em relação aos hospitais de São José, Penafiel, Santa Maria e Garcia de Orta. “Os hospitais têm de explicar porque optaram por vacinar profissionais que estavam em teletrabalho, por exemplo, em vez de profissionais que lidam com doentes covid”, adianta a bastonária, acrescentando que as queixas dão conta também de terem sido vacinados primeiro profissionais que estão de baixa há meses, sem contato com doentes. As queixas foram enviadas todas para o Ministério da Saúde.