Após meses de negociações com o governo Chinês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, em meados de novembro, que no início do ano estaria em Wuhan, a cidade chinesa onde apareceu oficialmente o primeiro caso de Covid-19, para tentar avaliar a origem do coronavírus – mas o processo, afinal, não está a ser assim tão simples.
Será, segundo o plano anunciado pela OMS, uma missão com duas fases e estará a cargo de 10 especialistas chineses e outros dez de outros países (entre eles epidemiologistas, virologistas, zoólogos e especialistas em saúde pública da Rússia, Austrália, Dinamarca, Holanda, Alemanha, Japão, Reino Unido e EUA, entre outros). Em meados de dezembro, responsável pelas emergências de saúde da OMS, Michael Ryan, confirmava que iriam trabalhar com colega chinesas, “mas não seriam supervisionados por responsáveis daquele país”.
Mas, apesar de anunciada para começar esta semana, a missão está, no entanto, bloqueada: segundo fez saber Tedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor geral da organização, citado pelo The Guardian, a China não autorizou a entrada de alguns dos especialistas a caminho daquele país, alegando que “os seus vistos ainda não tinham sido aprovados. “Estou muito desapontado com esta notícia, dado que dois membros já começaram as suas viagens, e outros acabaram por não embarcar, com este aviso, mesmo em cima da hora”, acrescentou ainda o responsável da OMS, apelando publicamente à China para que permitisse a entrada da equipa no país. “Não podemos é ter pessoas a voar desnecessariamente se não houver garantia de que a sua chegada à China é bem-sucedida”.
Em conversações com as autoridades chinesas desde julho, o objetivo da OMS é descobrir como é que este coronavírus saltou a barreira das espécies e infetou o homem – tendo já descartado as alegações de que o SARS CoV-2. Dado o acordo anunciado para o envio da missão ao local, a equipa esperava agora que, segundo o mesmo diário britânico, “fosse apenas uma questão logística e burocrática que pudesse rer resolvida rapidamente”.
Já a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, disse, citada pela Reuters, que o problema não era “apenas sobre vistos”. Segundo confirmou, houve “um mal-entendido sobre as datas acordadas, e as duas partes estavam ainda “a discutir sobre o calendário e “outras questões” – frisando ainda que não havia necessidade de valorizar aquele obstáculo “em excesso”.
Mas muito permanece ainda desconhecido sobre as origens do coronavírus e, confirmam os peritos, a China tem sido sensível a qualquer sugestão que pudesse ter feito mais nas fases iniciais da pandemia para a deter. Além disso, têm-se sucedido a alegações de que a China tem procurado moldar a narrativa sobre quando e onde a pandemia começou exatamente – mostrando que emergiu em múltiplas regiões, algo que o responsável da OMS Mike Ryan já considerou “altamente especulativo”.