Em mais de um terço dos casos de Covid-19 (40%), as autoridades de saúde não conhecem o link epidemiológica da infeção. Ou seja, onde o infetado contraiu o vírus. O que se traduz numa maior incapacidade para controlar as cadeias de transmissão ativas. Estes dados foram transmitidos, esta manhã de quinta-feira, aos políticos e parceiros sociais pelo diretor de serviços de informação e análise da Direção-Geral da Saúde (DGS), André Peralta Santos, no regresso das reuniões sobre a situação epidemiológica do país ao auditório do Infarmed.
Entre os 60% dos casos em que é possível cruzar informação e ter uma noção da origem do contágio, sabe-se que este é mais frequente em casa e depois em ambiente laboral.
A região do Norte é a que continua a preocupar mais os especialistas, apresentando, nas últimas duas semanas, 960 novas infeções por cem mil habitantes. Quando 240 por 100 mil habitantes já é considerada uma taxa de infeção de risco. No Norte, existe, atualmente, uma “incidência sete vezes superior à registada em abril”, continuou Óscar Felgueiras, da faculdade de Ciências da Universidade do Porto, acrescentando que está aumentar o número de casos em crianças (entre os zero e os nove anos).
Também o epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) Baltazar Nunes lembrou que, nesta segunda vaga, Lisboa e Vale do Tejo tem tido um crescimento da infeção um pouco mais contido e com tendência para “desacelerar”.
As reuniões no auditório do Infarmed – que surgiram por iniciativa do primeiro-ministro, com o objetivo de partilhar a informação epidemiológica do país com os outros partidos e parceiros sociais – começaram no dia 24 de março e decorreram até 8 de julho, em dez sessões no edifício da Autoridade do Medicamento. Foram depois interrompidas até ao dia 7 de setembro, quando regressaram na Faculdade de Medicina da Universidade Porto; desta vez sem ser à porta fechada, pelo menos a parte dos especialistas.