Atualmente, há uma dezena de vacinas contra o SARS-CoV-2 na fase final dos ensaios clínicos. Mas já duas empresas americanas, a Pfizer, em parceria com a BioNTech, e a Moderna, anunciaram a eficácia bastante promissora, revelada pelos testes que envolveram milhares de voluntários. Ambas as vacinas atacam os espigões do coronavírus, ou seja, as suas proteínas, pois são eles que permitem a entrada no corpo humano. Os investigadores estão fazer uso de uma molécula genética (mRNA), que provoca uma resposta contra o vírus. Com estas vacinas, desencadeia-se a produção de proteínas que, por sua vez, provocam o desenvolvimento de anticorpos, que detetam e destroem o vírus, antes de ele provocar doença. Ainda assim, existem algumas diferenças substanciais entre elas:
1 – Os testes à vacina desenvolvida pela empresa americana de biotecnologia Moderna revelam uma eficácia de 94,5% contra o novo coronavírus. Os da farmacêutica Pfizer situam-se nos 90 por cento. A Food and Drug Administration (FDA), entidade certificadora americana, apenas exige 50 por cento.
2 – A vacina da Moderna parece ser mais fácil de armazenar, pois mantém-se estável a menos 20 graus, até seis meses, e ainda pode ser mantida num frigorífico caseiro durante um mês. A da Pfizer necessita de temperaturas de 75 graus negativos, para não se deteriorar, e em casa dura apenas cinco dias.
3 – O ensaio levado a cabo pela Moderna envolveu 30 mil pessoas nos Estados Unidos, sendo que metade recebeu duas doses da vacina, com quatro semanas de intervalo, a outra só inoculou placebo. Na terceira fase do ensaio clínico foram identificados 95 casos de doença, sendo que desses apenas cinco tinham recebido a vacina e 90 pertenciam ao grupo que recebem o placebo. A investigação da Pfeizer juntou 44 mil voluntários, sendo que 50% foi medicado com um placebo composto por água salgada. Até agora, apenas 94 deles ficaram doentes com Covid-19.
4 – A Moderna refere dores de cabeça e um ligeiro cansaço como os únicos efeitos secundários sentidos em alguns voluntários. A Pfeizer também desvaloriza a febre e a fadiga relatada nos seus ensaios por uma percentagem pouco relevante de cobaias.
5 – Com base nestes dados sobre a segurança e eficácia da vacina, a Moderna vai submeter, nas próximas semanas, um pedido de autorização de uso de emergência à FDA. A Pfeizer também está nesse processo, mas com uma semana de avanço.
6 – Até ao final do ano, a Moderna espera ter disponíveis para distribuição cerca de 20 milhões de doses da vacina mRNA-1273 e mantém como objetivo a produção de 500 milhões a mil milhões de doses em 2021. A Pfeizer comprometeu-se com o governo de Trump que lhe venderia 100 milhões de doses. Prevê ainda a entrega de 200 milhões de doses à União Europeia, com opção de compra de mais 100 milhões, que serão fornecidas assim que a vacina for aprovada – a farmacêutica anunciou que poderá ter entre 30 a 40 milhões de doses da vacina prontas antes do final deste ano.