Durante os últimos sete meses, Portugal contabilizou mais de 100 mil casos confirmados de Covid-19. Neste período de tempo, o grau de transmissibilidade do vírus, apelidado de “R(t)”, variou entre os 0.81 e o 2.42 no território nacional, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
O Instituto Nacional de Saúde estimou que o grau de transmissibilidade médio da semana passada foi de 1.27 em todo o território nacional. No entanto, este índice variou entre as diferentes regiões do país – as regiões Centro e Norte foram as zonas com maiores índices de transmissibilidade, sendo que o Algarve foi a única região com um R(t) inferior a 1.
Fonte: Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge”
Os índices de transmissibilidade das regiões Centro e Norte foram superiores à média nacional, com valores de 1.33 e 1.36, respetivamente. Por sua vez, a zona de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) e do Alentejo revelaram índices de transmissibilidade mais baixos, mas ainda superiores a 1, com um R(t) de 1.16 e 1.18. A zona com o R(t) mais baixo foi o Algarve, com 0.99.
A meta do R(t): manter o número abaixo do 1
Em abril, a Chanceler alemã Angela Merkel explicava, numa conferência de imprensa, a importância dos índices de transmissibilidade da Covid-19: “um R(t) de 1 significa que uma pessoa com o vírus vai infetar, em média, uma outra pessoa. Se atingirmos um R(t) de 1.2, significa que essa pessoa está a infetar mais 20% das pessoas. E por aí em diante.”
Esta é a razão pela qual os países devem almejar atingir um R(t) inferior a 1. Caso o valor do R(t) se mantenha superior a 1, como é o caso do país atualmente, os casos vão continuar a aumentar exponencialmente.
No caso de o R(t) ser inferior a 1, como aconteceu durante a segunda metade do mês de julho em Portugal, os casos de Covid-19 vão diminuir progressivamente.
Evolução ao longo da pandemia
No seu relatório semanal, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge identifica vários acontecimentos que tiveram um impacto no índice de transmissibilidade da Covid-19 ao longo da pandemia.
O fecho das escolas de todo o País, no dia 16 de março, assim como a imposição do Estado de Emergência, no dia 18 de março, permitiram um decréscimo acentuado do R(t). Enquanto que no dia 9 de março o grau de transmissibilidade era de 1.7, foi possível chegar a um R(t) de 0.9 no dia 1 de abril.
A partir do dia 28 de abril, o valor do R(t) voltou a subir. A meio de maio, o índice de transmissibilidade ultrapassou o valor de 1. Foi apenas a partir do dia 11 de julho que o país conseguiu voltar a estabilizar o R(t) da Covid-19 para um valor abaixo de 1, até ao início de agosto.
Desde o dia 5 de agosto, o valor do R(t) mantém-se acima ou perto de 1 a nível nacional. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde, “os resultados anteriores indicam uma tendência crescente de novos casos ao nível nacional”.