É assim uma espécie de dois-em-um. Perante a falta de recursos humanos e acompanhamento individualizado, o maior hospital público de Jerusalém, em Israel, lançou uma iniciativa inédita. Acolher de forma voluntária quem já tenha recuperado da Covid-19 e esteja disponível para ajudar. “O que nos move é a possibilidade de minimizar a solidão e a ansiedade dos pacientes. E permite-nos ainda retribuir todo o esforço que os profissionais de saúde têm feito”, contou à BBC Shuki Rock, que disse sim mal soube da possibilidade. “Lembro-me que olhei para a minha mulher e disse: era disto que estávamos à espera.”
Desde então que a seu cargo, tal como a outros voluntários, estão algumas das responsabilidades logísticas. Por exemplo, a distribuição de refeições. No entanto, é comum utilizarem o seu tempo no hospital para falar com os pacientes. Num ambiente controlado, em que as interações sociais são poucas e as visitas do exterior raras, o mais difícil, sublinhou Shuki Rock, é combater o sentimento de isolamento que estes doentes sentem.
Positivos para anticorpos no sangue
De acordo com um relatório publicado o ano passado pelo Instituto Nacional de Estatística israelita, o país tem menos profissionais de saúde per capita do que a média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). Como consequência, os hospitais israelitas têm recorrido ao trabalho voluntário para colmatar este problema e a pandemia não foi exceção.
Foi neste sentido que, em abril deste ano, o Hospital Hadassah começou a receber recuperados – desde que tivessem testado positivo para anticorpos no sangue – para se voluntariarem nas alas de Covid-19. Citado pela U.S. News & World Report, Rely Alon, o diretor da divisão de enfermagem do Hospital Hadassah, multiplicou-se já em agradecimentos aos voluntários. “É um enorme apoio às equipas médicas, que têm trabalhado muito e por isso nem sempre têm tempo para falar com os pacientes ou passarem algum tempo com cada um”.