Dois estudos realizados recentemente descobriram que os micro e nanoplásticos estão presentes nos legumes e nas frutas que comemos, e que as maçãs e as cenouras são os alimentos mais contaminados.
Esta descoberta era negada há muitos anos por vários cientistas que alegavam que estas partículas eram demasiado grandes para entrar nas raízes dos alimentos. As novas pesquisas destacam agora a “preocupante” ingestão diária de partículas de plástico em adultos e crianças.
O primeiro estudo, publicado na revista Environmental Research, foi elaborado por uma equipa de investigadores da Universidade de Catania, em Itália, e comparou seis variedades diferentes de alimentos (maçãs, cenouras, pêras, bróculos, batatas e alface), provenientes de diferentes locais. Os alimentos foram limpos e descascados, exepto os bróculos e as alfaces, antes de serem colocados no liquidificador. De seguida foram desidratados no forno e analisados.
“Pela primeira vez, detetámos microplásticos (MPs) em frutas e vegetais comestíveis. Os resultados abrem um novo cenário, tanto nas ciências ambientais quanto nas médicas”, referem os autores. “Os MPs representam uma preocupação atual de saúde pública, uma vez que a toxicidade ainda não foi totalmente investigada”, referem os investigadores.
O segundo estudo, publicado na revista Nature Sustainability pouco tempo depois, descobriu que é através da água absorvida pelas raízes que os micro e nanoplásticos “entram” nos alimentos.
“A maioria dos microplásticos são depositados de forma direta ou através da degradação de plásticos para o ambiente terrestre e acumulam-se em grandes quantidades nos solos, representando uma ameaça para os ecossistemas da terra”, disseram os investigadores. “As partículas de plástico (após a entrada nas plantas) foram transportadas das raízes para os rebentos”, continuam. Os cientistas analisaram se os plásticos foram absorvidos pelas plantas quando foram expostas a águas residuais tratadas que continham estas partículas.
“Nós não sabemos exatamente o porquê, mas é provável que os nanoplásticos com carga positiva interajam mais com a água, com os nutrientes e com as raízes”, informam.
Estas novas descobertas representam um perigo para a condição humana.”Há anos que sabemos que existem partículas de plástico nos crustáceos e nos peixes, mas é a primeira vez que sabemos que existe plástico nos vegetais”, diz Maria Westerbos, fundadora do grupo Plastic Soup Foundation. “Se o plástico está a entrar neles está a entrar em tudo [animais e humanos] que come vegetais, o que significa que também está na nossa carne e laticínios”. “O que precisamos descobrir agora é o que isso está fazendo connosco”, alerta a fundadora
Sian Sutherland, co-fundadora do grupo de campanhas ambientais A Plastic Planet, diz que já pediu para ser realizada uma investigação para que se entendam como estes agentes atuam no corpo humano.