Partidos sem assento no parlamento de Moçambique alertaram hoje o Presidente do país, Filipe Nyusi, para o risco de propagação da covid-19 no regresso faseado dos alunos às aulas.
“É preciso que se estude esta possibilidade de as crianças voltarem às aulas, há riscos”, alertou João Massango, do Partido Ecologista, durante um encontro entre líderes dos partidos extraparlamentares e o chefe de Estado moçambicano, em Maputo.
Em causa está a reabertura faseada das escolas anunciada por Filipe Nyusi no domingo, no contexto da prorrogação do estado de emergência pela terceira vez, o máximo previsto pela Constituição moçambicana
O processo vai priorizar as classes com exames, nomeadamente a 10.ª e a 12.ª, no ensino secundário, e a 7.ª, no primário, estando atualmente em curso a reorganização das escolas para garantir o distanciamento e outras medidas de prevenção contra o novo coronavírus.
Para estes partidos, a preocupação com o ano letivo é legítima, mas o país arrisca-se a registar casos de infeção por covid-19 entre os alunos, tendo em conta as condições das instituições de ensino moçambicanas.
“Podíamos pensar em reverter as igrejas em salas de aulas porque nós temos a maior parte das salas das escolas com mais de 60 alunos”, sugeriu Ilídio Mavumbe, do Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos).
O chefe de Estado moçambicano garantiu que as opiniões dos partidos foram acolhidas e serão analisadas.
“É bom que as discussões existam”, frisou Filipe Nyusi, acrescentando que o seu executivo está aberto a opiniões e não tem dificuldades em recuar quando constata que “alguma coisa não está bem”.
Com um total de 918 casos positivos, seis óbitos e 249 recuperados, Moçambique vive em estado de emergência desde 01 de abril.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 516 mil mortos e infetou mais de 10,71 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
EYAC // SR