“Acho que se devia alargar, para não estar a brincar com coisas sérias. Alargar mais 30 dias e depois decidiremos”, afirmou Mari Alkatiri, em declarações à Lusa.
“Não estou convencido dos dados que tenho recebido sobre a situação da covid-19 em Timor-Leste. Aqui no nosso vizinho, Timor Ocidental, os números crescem e já com transmissão comunitária”, considerou.
Mari Alkatiri saudou o esforço do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC) — criado pelo Governo para responder à pandemia — mas disse que “contenção é uma coisa, resolução é outra coisa” e que os riscos ainda não desapareceram.
O líder da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) falava à Lusa numa altura em que Timor-Leste não tem casos ativos da covid-19, com 24 pacientes — o máximo registado no país — a recuperarem totalmente.
O Conselho de Ministros timorense deverá analisar na segunda-feira a questão do estado de emergência, com o segundo período de dois meses a terminar no dia seguinte.
A questão foi já analisada esta semana numa reunião da comissão interministerial liderada pelo primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, para responder à pandemia, com fontes do Governo a confirmarem à Lusa que há “divisões” sobre se deve ou não alargar o estado de emergência.
Uma das maiores preocupações prende-se com a reabertura das fronteiras terrestres e a possibilidade da entrada vindos da Indonésia de pessoas infetadas.
Alkatiri considerou, no entanto, que é essencial que o Governo implemente rapidamente as medidas socioeconómicas desenhadas para responder aos efeitos da pandemia.
“O Governo anda ainda coxo porque estamos neste conflito sobre a própria identidade do Governo. E é preciso que avancemos rapidamente a partir de segunda-feira, com a demissão dos membros do CNRT, colocando uma equipa capaz de executar o programa do governo”, afirmou.
“Acelerar tudo, mas sem tropeçar”, considerou.
Alkatiri frisou ainda que a Fretilin apoiará o eventual pedido do Governo de reforço das contas públicas e do Fundo Covid-19.
As autoridades de saúde timorenses continuam a conduzir testes a doentes que se apresentam nos centros de saúde com problemas respiratórios, procurando assim detetar eventuais casos da covid-19.
Até ao momento realizaram já 1.544 testes dos quais 1.460 tiveram resultado negativo e 60 estão ainda à espera de conhecer os resultados.
Cerca de 110 pessoas estão ainda em quarentena.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 339 mil mortos e infetou mais de 5,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de dois milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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