Uma nova mutação encontrada recentemente no código genético da Covid-19 deixou expectantes os investigadores da Universidade do Arizona, nos EUA. Segundo o professor Efren Lim, principal autor do trabalho, esta nova mutação apresenta fortes semelhanças com as alterações genéticas da SARS registadas na fase final do surto, em 2003, quando a doença começou a perder força.
O estudo, agora publicado no Journal of Virology, envolveu mais de 382 amostras de zaragatoa nasal extraída de pacientes hospitalizados com Covid-19. No entanto, apenas uma destas amostras apresentou a falta de um segmento considerável de material genético, identificada pela equipa como uma nova mutação do vírus. Os especialistas acreditam, porém, que este poderá ser um bom indício, tendo em conta que quando uma mutação semelhante foi identificada em 2003, espalhou-se rapidamente pela China e no prazo de cinco meses o surto de SARS foi interrompido.
“Uma das razões pelas quais essa mutação é interessante é porque reflete uma grande exclusão que surgiu no surto de SARS em 2003”, disse o professor Lim numa entrevista ao Daily Mail, na qual revelou também que esta nova mutação subtrai ao coronavírus uma das suas principais armas contra a resposta imunitária dos hospedeiros humanos, tornando a infeção significativamente mais fraca. “A conclusão é que o vírus teve uma grande exclusão, o que demonstra que é possível transmitir-se sem ter partes completas do seu material genético”, acrescentou o co-autor do estudo, Matthew Scotch, em comunicado.
Os resultados do estudo foram possível graças a uma nova tecnologia de sequenciação que permitiu à equipa de investigadores determinar como o vírus se está a espalhar, modificar e adaptar ao longo do tempo. Mas não só – a nova técnica permitiu também identificar que o código genético do novo coronavírus perdeu no total 81 “fragmentos” particularmente relevantes dos 30 mil que o constituem. Cada um desses “fragmentos” corresponde a unidades químicas que integram a sua composição, à semelhança do que acontece com o genoma humano que, ao todo, reúne mais de três mil milhões.
No entanto, os investigadores do estudo sublinham que ainda é cedo para garantir que o novo coronavírus está a perder força: “Trata-se apenas uma gota num balde de água”, rematou Lim.