Uma equipa de cientistas da Universidade de Zhejiang, liderada por Li Lanjuan, analisou uma pequena amostra de doentes infetados com o SARS-CoV-2 e acredita ter em mãos a primeira prova de que as mutações sofridas pelo coronavírus desde que começou circular podem afetar a gravidade da doença. E que um conjunto de mutações em particular pode explicar a severidade das infeções na Europa e em Nova Iorque.
Algumas das mutações descobertas ampliaram a capacidade do vírus de invadir as células, enquanto outras impulsionaram o alastrar da infeção.
Segundo o South China Morning Post, as estirpes mais letais eram geneticamente iguais às que estão a circular na Europa e em Nova Iorque, enquanto outras, consideradas mais fracas, eram semelhantes às que afetam outras partes dos EUA.
Porque é que esta estirpe mais agressiva foi a que se disseminou pela Europa, os investigadores ainda não sabem.
A descoberta sucede-se a outros estudos que também apontavam para que duas estirpes diferentes do coronavírus estivessem a afetar os EUA – um deles, oriundo da China, e outro, da Europa.
A equipa envolvida nesta investigação mais recente, publicada preliminarmente no medRxiv.org, propôs-se analisar, em amostras virais de 11 doentes chineses, a eficácia do vírus a infetar e matar células humanas em laboratório. A carga viral foi avaliada depois de uma, duas, quatro, oito e 48 horas depois da infeção, bem como a forma como as células afetadas se alteravam estruturalmente ao longo de três dias.
As estirpes mais agressivas chegavam a dar origem a uma carga viral 270 vezes superior à de uma estirpe menos potente.
Entre as mutações mais letais estavam as que tinham sido detetadas em Zhejiang e nalguns países da Europa.