Ver a luz ao fundo do túnel é uma das preocupações cimeiras entre quem está confinado em casa. A facilidade com que se enfrentam as restrições depende muito da esperança da sua brevidade. Quando poderemos voltar a sair de casa? Essa é a nova pergunta de “um milhão de dólares”.
Um estudo da Universidade de Hong Kong, publicado na revista científica Lancet, atira água fria sobre alguns otimismos. O perigo de uma segunda vaga de infeções é real, consideram os investigadores, que recomendam um regresso à normalidade cuidadoso e gradual. Aliás, acrescentam, os governos terão de lidar com as restrições pelo menos até que uma vacina contra o novo coronavírus esteja disponível.
Ninguém tem dúvidas de que uma vacina esteja a caminho. O problema é saber quando estará disponível, sendo que as perspetivas mais consensuais apontam a data de um ano. Na primavera de 2021 deverá chegar ao fim esta corrida de governos e laboratórios para produzir uma vacina contra o novo coronavírus. E até lá?
Até lá, atentemos ao exemplo chinês, que conseguiu fechar milhões de pessoas em casa com mão férrea. “Enquanto estas medidas de contenção parecem ter reduzido em muito o número de infetados, sem uma imunidade de grupo contra a Covid-19 os casos ressurgirão facilmente à medida que as fábricas, os escritórios, o comércio e as escolas reabram, sobretudo devido ao risco de ter mais casos importados, já que a infeção continua a espalhar-se globalmente”, afirma o professor Joseph T Wu, um dos autores do estudo, citado pelo jornal The Guardian.
E acrescenta: “Embora atitudes comportamentais de controlo, como manter uma distância física, provavelmente se manterão por algum tempo, tentar encontrar um meio termo entre retomar as atividades económicas e manter o número de infetados baixo será a melhor estratégia até que uma vacina esteja globalmente disponível”.
De facto, enquanto não houver imunidade de grupo nem uma vacina que trave a progressão da doença, o nosso mundo não poderá ser como antes. Uma segunda vaga de Covid-19 seria tão perigosa como a primeira, se deixada sem controlo – falamos de hospitais cheios, para lá da sua capacidade, falta de equipamentos de proteção e para salvar vidas -, com o Serviço Nacional de Saúde sem poder atender a todos.
O estudo mostra como mesmo em cidades mais abonadas, os recursos médicos são finitos. E faz depender a taxa de mortalidade desses mesmo recursos.