A vida em muitas localidades da região italiana agora ‘fechada’ já se tornara bem diferente. Desde os primeiros dois mortos – poucos dias antes do Carnaval – que se decretara uma zona vermelha no norte do país. Por causa do novo coronavírus, ficavam então dez cidades em quarentena. Qualquer coisa como dezenas de milhares de pessoas isoladas.
O cenário agora continua a ser mais ou menos este, mas revisto e ampliado. Entretanto morreram 366 pessoas e há mais de 7 mil infetados. E depois de, num só dia, se terem registado mais de 130 mortes, o governo italiano optou por uma medida mais drástica.
A ideia é tentar conter a propagação da doença no país, o mais afetado da Europa. Foi por isso que primeiro-ministro Giuseppe Conte assinou um decreto a determinar uma quarentena em toda a Lombardia. Mas além da região mais populosa de Itália, há mais uma série de outras envolvidas. Ao todo, ficam 16 milhões de pessoas fechadas em casa, até 3 de abril.
Encerrados compulsivamente estão também cinemas, teatros e museus. Os últimos jogos de futebol já decorreram à porta fechada. E nem a praça do Duomo, a belíssima catedral gótica no centro da cidade italiana de Milão, escapa ao cenário. Há muito que está deserta e isso era uma imagem de que não havia memória. Com casos conhecidos até no Vaticano, o Papa Francisco celebrou a oração do Angelus, este domingo, a partir da Biblioteca do Palácio Apostólico. Para evitar as multidões do costume na Praça de São Pedro, a cerimónia foi transmitida em streaming.
E nem se pense que são medidas para levar de ânimo leve. Neste novo Estado-fortaleza, quem violar o decreto emitido pelo governo fica sujeito a uma pena até três meses de prisão ou multa até 200 euros.
A Europa mantém que fechar fronteiras não é prioritário neste momento. Mas também há quem aplauda a decisão italiana. Como é o caso do primeiro-ministro checo, Andrej Babis, citado pelo Washington Post. “A Itália deveria proibir todos os cidadãos de viajarem para a Europa”, disse à televisão do seu país.
Fechar ou não fechar fronteiras
A expectativa é que seja uma ampla quarentena similar imposta em janeiro na China. Só que, entretanto, há uma outra notícia a correr o país e o mundo. Ao que contam os jornais ingleses, uma parte das pessoas não acatou a medida e voou para fora de Itália o mais rápido que pode.
Ao que parece, houve dezenas de voos que levantaram das áreas afetadas para o Reino Unido. Tudo sem qualquer vistoria especial.
Valha-nos os artistas italianos. Fechados em casa, cantores como Laura Pausini ou Jovanotti estão a produzir vídeos para entreter os fãs e ajudar a serenar ânimos. Giorgio Armani, conceituado estilista, fez outra opção – e doou 1 250 mil euros aos hospitais civis de Milão e Roma e ainda à proteção civil.