Para um estudo financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde americanos, foi analisado um grupo de 143 pessoas, com idades compreendidas entre os 21 e os 50 anos. O processo demorou dois anos e durante esse período de tempo, todos praticaram uma dieta de restrição calórica. Apesar de poderem comer todo o tipo de alimentos, deveriam reduzir a quantidade consumida, de modo a diminuir o total de calorias ingeridas cerca de 25%.
Em média, os participantes só conseguiram cortar 12% da percentagem total de calorias. Mas, mesmo assim, o grupo registou várias melhorias na sua saúde cardiovascular e no seu metabolismo. No final da investigação, o grupo tinha perdido peso, massa gorda, baixado os níveis de colesterol e reduzido ligeiramente a pressão arterial. Além disso, houve uma diminuição dos níveis de inflamação e uma regulação da quantidade de açúcar no sangue.
Apesar de os participantes do estudo passarem por um programa de formação intensiva, durante a qual aprenderam a cozinhar refeições com baixo teor calórico, assistiram a sessões de grupo e tiveram consultas regulares com especialistas em nutrição, não foram capazes de chegar nem a meio da meta proposta – a redução de 25%. Para Frank Hu, presidente do departamento de nutrição da Harvard T.H. Chan School of Public Health, a dificuldade em manter uma restrição calórica deve-se ao “ambiente de obesidade, com uma abundância de alimentos ricos em energia e pobres em nutrientes, que são baratos, acessíveis e fortemente comercializados” em que vivemos. Segundo o mesmo, a restrição calórica pode ser uma ferramenta útil para a saúde e para a perda de peso, mas não está claro se as mudanças registadas no estudo se traduzirão em longevidade e numa diminuição nos casos de doenças crónicas porque, para isso, estes progressos terão de ser sustentados, ao logo do tempo, de modo a produzirem benefícios a longo prazo. No entanto, o médico acrescenta que algumas pessoas podem achar a restrição calórica viável, se a combinarem com outras estratégias dietéticas como a dieta mediterrânea, jejum intermitente ou ingestão reduzida de hidratos de carbono. William Kraus, coordenador do estudo e professor da medicina e cardiologia na universidade de Duke, espera vir a estudar novamente os participantes daqui a 10 anos para conseguir averiguar se estes benefícios realmente persistem.
Para termos de comparação, foi ainda analisado outro grupo, com 75 pessoas igualmente saudáveis, e durante o mesmo período de tempo. Mas, neste caso, não adotaram nenhum tipo de restrição calórica, e também não verificaram nenhuma melhoria. Na verdade, o estado de saúde dos participantes melhorou, em grande parte, devido à perda de peso. Em média, cada um perdeu cerca de 7 quilos, em dois anos. Segundo Kraus, uma das conclusões mais relevantes foi o impacto particularmente positivo desta experiência no metabolismo, sugerindo assim que a restrição calórica pode ter, biologicamente, um papel relevante na prevenção de doenças. “Não nos surpreendeu que houvesse mudanças”, “mas a magnitude foi espantosa”. Nem a combinação de cinco medicamentos diferentes “iria causar estas melhorias”, afirma.
Por outro lado, o estudo concluiu ainda que, afinal, as dietas podem não influenciar negativamente o nosso humor, antes pelo contrário. De modo geral, a percentagem de participantes que levou a dieta até ao fim foi bastante alta, e aqueles que conseguiram, melhoraram significativamente a sua qualidade do seu sono, os níveis de energia e a sua qualidade de vida, de modo geral, contibuindo assim para o seu bom humor.