A Insuficiência Cardíaca (IC) caracteriza-se pela incapacidade de o coração bombear sangue para o organismo na quantidade necessária. Um doente que sofra de insuficiência cardíaca tem a função cardíaca comprometida, ou seja, o coração não consegue bombear sangue suficiente para o resto do corpo, nem consegue fazer face às suas necessidades.
A Insuficiência Cardíaca é, assim, um problema de saúde incapacitante quando não é diagnosticado nem controlado, existindo ainda um grande desconhecimento por parte da população portuguesa e, acima de tudo, uma clara desvalorização desta doença.
Estão em risco de desenvolver IC os doentes que têm alguma das patologias que podem evoluir para insuficiência cardíaca. Estas patologias ou as causas associadas à IC são, em termos gerais:
– Ataques cardíacos/enfartes do miocárdio;
– Doença das artérias coronárias;
– Pressão arterial elevada;
– Doença das válvulas cardíacas;
– Doença do músculo cardíaco ou inflamação do coração;
– Defeitos cardíacos congénitos;
– Doenças pulmonares.
A insuficiência cardíaca pode ser causada, ainda, por doenças anteriores ou atuais que, por sua vez, provocaram lesões ou sobrecarregaram o coração.
Nos jovens, as causas mais frequentes de insuficiência cardíaca são as cardiopatias congénitas, infeções que atingem o músculo cardíaco (miocardites) e doenças das válvulas cardíacas.
Para o despiste da IC há que dar atenção aos principais sinais de alerta que são:
– Cansaço excessivo;
– Falta de ar;
– Tosse/pieira;
– Pernas inchadas.
Estes sintomas são, muitas vezes, desvalorizados e confundidos com outras patologias, por isso é muito importante, especialmente em caso de persistência, a consulta de um médico.
É importante, também, ter consciência de que qualquer alteração ao funcionamento normal do nosso organismo deve merecer a maior atenção e cuidado. Não se devem menosprezar os sintomas nem os associar sempre ao factor idade ou ao ritmo de vida que se pratica.
O diagnóstico da IC deverá ser feito pelo médico do Centro de Saúde que após a história clínica e observação poderá pedir exames de diagnóstico (análises, electrocardiograma, radiografia de tórax e ecocardiograma). Após o diagnóstico o doente deverá ser encaminhado para uma Consulta de Cardiologia especializada em IC.
O tratamento médico optimizado da IC consiste na toma de medicação oral, por vezes vários medicamentos, o que poderá também depender de doenças associadas (por exemplo, a diabetes). Nalguns casos poderá estar indicado a implantação de dispositivos médicos (como por exemplo “pacemakers”, desfibrilhadores implantáveis) que para além de aumentarem a sobrevivência melhoram o grau de insuficiência cardíaca.
O tratamento da IC deverá estar baseado no médico do Centro de Saúde e nas consultas de insuficiência cardíaca com possibilidade de internamentos durante o dia (Hospital de dia) com acompanhamento por médicos cardiologistas e enfermeiros dedicados à IC.
É possível prevenir a IC, nomeadamente através do controlo e tratamento precoce de algumas doenças que levam à insuficiência cardíaca, como a hipertensão arterial, a diabetes, a obesidade e o colesterol elevado.
Conhecer os fatores de risco no desenvolvimento de Insuficiência Cardíaca é uma boa forma de a prevenir.
O sedentarismo, o consumo de tabaco e os maus hábitos alimentares também contribuem para a doença.
É por isso importante manter uma vida saudável e fazer um check up com frequência regular. Devemos ter uma gestão mais ativa na nossa saúde, tal como temos noutros campos na nossa vida.
Qualquer atividade física é benéfica para a maior parte das pessoas com Insuficiência Cardíaca. A prática de exercício pode melhorar o funcionamento do coração, permitindo que os batimentos cardíacos sejam mais eficientes. Antes de iniciar um programa de exercícios o doente deve consultar o médico ou enfermeiro para garantir que não está a fazer demasiado esforço.
O doente com insuficiência cardíaca, se não tiver um tratamento médico optimizado, não cumprir a medicação e não seguir rigorosamente as indicações médicas, poderá ter descompensacōes da IC com internamentos hospitalares frequentes.
O prognóstico depende do grau de insuficiência cardíaca e da sua evolução.
A Insuficiência Cardíaca é um problema grave e crescente de saúde pública com forte impacto social, pela perda de qualidade de vida, e económico, pela perda de dias de trabalho. É uma doença frequente, muitas vezes de diagnóstico tardio, com internamentos frequentes e mortalidade elevada.
A IC atinge, hoje, mais de 4% da população portuguesa, ou seja aproximadamente 400.000 pessoas e estima-se que a sua prevalência venha a aumentar entre 50% a 70% até 2030.
No entanto, apesar da gravidade desta situação, regista-se ainda hoje um grande desconhecimento , por parte da população, desta doença.
A AADIC-Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca, é uma instituição cuja finalidade essencial é a de contribuir para o esclarecimento público e para a tomada de consciência da gravidade da IC, procurando dar todo o apoio aqueles que sofrem desta doença.