Uma corrente elétrica de fraca intensidade revelou-se capaz de reverter décadas de declínio da memória relacionado com a idade.
Liderado por Robert Reinhart da Universidade de Boston University, um novo estudo concluiu que a perda de memória verificada nos mais velhos está ligava a circuitos defeituosos no cérebro e que, estimulando as regiões afetadas com uma corrente elétrica, as capacidades mentais voltam aos padrões da juventude. Pelo menos, temporariamente, uma vez que os investigadores envolvidos na experiência não testaram os efeitos da técnica a médio ou longo prazo, mas apenas 50 minutos depois da aplicação dos choques.
“As alterações negativas relacionadas com a idade não são imutáveis. Podemos recuperar a memória funcional que se tem quando se é muito mais novo”, congratula-se Reinhart.
Com o colega John Nguyen, o investigador conseguiu localizar o declínio da memória em circuitos que se “desligaram” no neocórtex e nos lobos frontais. Foram estes circuitos que a equipa ativou, num grupo de voluntários entre os 60 e os 76 anos, de forma não invasiva, apenas com recurso a elétrodos.
No estudo, publicado, na Nature Neuroscience, os investigadores descrevem como estimularam o cérebro de participantes de várias idades, testando, depois, as suas capacidades com um teste de memória simples.
Meia hora de estimulação elétrica melhorou o desempenho das 42 pessoas mais velhas a tal ponto que os seus resultados foram semelhantes aos das que tinham entre 20 a 29 anos.
Até a técnica passar a ser usada clinicamente, sublinham os cientistas, há muito trabalho a fazer, sobretudo ao nível da investigação dos efeitos a longo prazo. Mas isso não trava o entusiasmo de Reinhart, que diz “intrigado” com o resultado.