Saber o que fazer perante uma queda de açúcar no sangue é para um diabético uma arma essencial. O aviso chega de Jorge Dores, endocrinologista do Centro Hospitalar do Porto, que alerta para o facto de muitas vezes não se dar tanta importância a esta situação – a chamada hipoglicemia – como se dá à hiperglicemia, que ocorre quando há açúcar a mais. “As hipoglicemias são mais desvalorizadas porque não há dados epidemiológicos robustos da sua frequência e, sobretudo, das suas potenciais consequências para a saúde”, refere Jorge Dores, garantindo que “os sintomas de hipoglicemia são mais incapacitantes e justificam tratamento imediato”. Já a hiperglicemia, diz, vai sendo corrigida mais lentamente, porque é mais destrutiva a longo prazo, sendo responsável pelas complicações crónicas associadas à diabetes. Em condições normais, a concentração de açúcar no sangue é mantida dentro de uma margem estreita cerca de 70 a 110 mg/dl de sangue.
Na hiperglicemia, os valores de açúcar no sangue ultrapassam os 110 mg/dl; a hipoglicemia acontece quando os níveis de glicose no sangue descem abaixo dos 70 mg/dl. Dados do Observatório da Diabetes relativos a 2015 revelaram que mais de um milhão de portugueses entre os 20 e os 79 anos tem diabetes. E, refere o endocrinologista, “estudos efetuados nos últimos anos em Portugal mostram que os episódios de hipoglicemia constituem entre 0,7 e 1 por cada mil episódios” que chegam às urgências.
A perda de capacidade de concentração, o risco de quedas e acidentes de viação, arritmias ou outras complicações cardíacas, como enfarte do miocárdio, são alguns dos perigos mais comuns. Quando as crises de hipoglicemia são ainda mais graves, com a falta extrema de glicose no cérebro, podem provocar convulsões, levar a pessoa a um estado de coma, ou até mesmo à morte.
As hipoglicemias repetidas também se tornam perigosas, podendo causar demência progressiva. Veja, no vídeo acima, os passos a seguir no caso de uma hipoglicemia.