Será uma transformação no mundo da investigação na gravidez, diz a equipa de cientistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, que está a criar, em laboratório, “mini placentas”.
O objetivo dos investigadores é aumentar o conhecimento em vários problemas relacionados com a gravidez, como a pré-eclâmpsia, um distúrbio caraterizado pelo aparecimento de pressão arterial alta e por uma quantidade significativa de proteína na urina, mas também abortos espontâneos e morte fetal.
A equipa criou estes “organoides” através de células de estruturas denominadas vilosidades, que se encontram no tecido placentário. As células foram, depois, organizadas em estruturas multicelulares capazes de segregar hormonas e proteínas que afetam o metabolismo da mulher grávida durante a gravidez.
O tamanho destes organoides, que serão utilizados para se perceber como o tecido se desenvolve em gravidezes saudáveis e não saudáveis, varia entre um décimo de milímetro e meio milímetro.
Estas estruturas imitam a placenta no período inicial do primeiro trimestre de gravidez e podem ser congeladas, armazenadas e descongeladas quando necessário.
O que acontece quando uma mulher desenvolve uma gravidez saudável é que a placenta cresce e fixa-se à parede do útero, fornecendo oxigénio e nutrientes ao bebé, ao mesmo tempo que vai eliminando os seus resíduos. Também é uma fonte de células-tronco hematopoiéticas, um suporte endócrino e imunológico para o feto.
Muitas vezes, uma gravidez corre mal quando a implantação do embrião no útero é feita de forma inadequada e a placenta não se fixa de maneira correta. A verdade é que, sem placentas verdadeiras para serem estudadas pelos investigadores, as causas destas falhas são difíceis de identificar, assim como encontrar formas de as colmatar. Além disso, as placentas dos animais são muito diferentes das humanas, tornando as comparações quase impraticáveis.
Ashley Moffett, investigadora e uma das autoras do estudo, diz que estas placentas são tão parecidas às reais que podem enganar, até, testes de gravidez. “Agora, podemos começar a fazer ensaios sobre como acontece o desenvolvimento placentário no ambiente uterino”, afirma.
Além disso, dizem os pesquisadores, as mini placentas podem vir a ser utilizadas para verificar a segurança de novos medicamentos tomados durante os primeiros tempos de gravidez, assim como esclarecer de que forma as anomalias cromossómicas podem perturbar o desenvolvimento normal de um bebé.
Os resultados desta experiência estão publicados na revista científica Nature.