Dietas pobres em hidratos de carbono são associadas à ajuda na perda de peso. Mas a verdade é que este tipo de alimentação, como é o caso da dieta cetogénica, pode provocar vários problemas de saúde. Estudos anteriores tinham já mencionado algumas complicações associadas a este tipo de regime e um mais recente deu conta de que até a líbido é afetada negativamente por ele.
Investigadores americanos dizem agora que comer hidratos de carbono de forma moderada é essencial para se manter saudável e viver mais. O estudo, que teve por base a análise de questionários sobre a alimentação de mais de 15 mil pessoas dos EUA, entre os 45 e os 64 anos, teve em conta dados recolhidos por esse grupo durante um período de 25 anos.
Nos questionários, foram feitas perguntas relativas aos alimentos que as pessoas ingeriam, as porções que comiam e também as bebidas que ingeriam.
A partir das respostas, os investigadores fizeram uma estimativa da quantidade de calorias que os participantes receberam tanto de hidratos de carbono como de gorduras e proteínas.
Os pesquisadores perceberam que quem obtinha entre 50% e 55% da energia de hidratos de carbono – corresponde ao consumo moderado de hidratos – tinha um risco de morte menor do que aqueles que ingeriam alimentos com altos ou muito baixos níveis de hidratos de carbono.
Relativamente aos três grupos de consumo de hidratos de carbono – baixo, moderado e alto – as conclusões deram vantagem à sua ingestão moderada: os indivíduos deste grupo vivem quatro anos mais do que as os que recebem 30% ou menos da energia de hidratos de carbono; 2,3 anos mais do que o grupo que recebe de 30% a 40%; e 1,1 anos mais do que o grupo que recebe 65% ou mais desta energia.
Além disso, e de acordo com o estudo, a partir dos 50 anos, as pessoas que ingerem moderadamente hidratos de carbono podem viver, em média, por mais 33 anos.
Gorduras animais ou vegetais?
Os pesquisadores também compararam as dietas com baixos níveis de hidratos de carbono e ricas em proteínas animais com as que tinham muitas proteínas e gorduras à base de plantas.
A descoberta foi que escolher ingerir mais carne de vaca, borrego, porco, frango e queijo, por exemplo, em vez de hidratos de carbono, está ligado a um risco de morte maior. Já a substituição dos hidratos por proteínas e gorduras de origem vegetal, como leguminosas e frutos secos como as nozes, diminui ligeiramente o risco de mortalidade.
“Os nossos dados sugerem que dietas de baixos níveis de hidratos de carbono baseadas em carne, que prevalecem na Europa e América do Norte, podem estar associadas a um menor tempo de vida e, por isso, devem ser desencorajadas”, afirma Sara Seidelmann, médica especialista em medicina cardiovascular no Hospital Brigham and Women que liderou a investigação.
Por isso, uma boa solução para quem prefere seguir uma dieta baixa em hidratos de carbono é substituí-los por gorduras e proteínas à base de plantas, já que vai ajudar a “promover o envelhecimento saudável a longo prazo”.
O estudo, publicado no The Lancet Public Health, tem algumas limitações, já que as conclusões foram obtidas a partir de associações observacionais e os questionários basearam-se em dados auto-relatados, que podem não ser precisos.