Numa experiência que envolveu 34 cães e donos e cujos resultados foram publicados esta semana no Learning & Behavior, os animais mostraram-se mais rápidos a abrir uma porta para chegar aos donos quando estes faziam sons de choro do que quando cantavam.
Cada um dos donos sentou-se numa pequena sala, separada de outra, onde se encontrava o seu cão, por uma porta que permitia ao animal ver o dono. Para testar como os cães, de várias raças e com idades compreendidas entre o ano e meio e os 12 anos, respondiam ao sofrimento, os investigadores pediram a metade dos donos que repetissem a palavra “socorro”, num tom aflito, a cada 15 segundos. No intervalo, deviam fingir que choravam. Ao outro grupo foi pedido que dissessem “socorro” mas num tom neutro e que, entre repetições, entoassem uma música infantil.
Criadas as situações, os investigadores observaram quantos cães tentaram a abrir a porta, fechada com três ímans, e concluíram que, apesar de o número de animais que conseguiu abrir a porta ser semelhante nos dois grupos – 9 no dos donos que cantavam e sete no dos donos “aflitos” sete – houve uma diferença significativa na velocidade com que o fizeram. Se os cães dos donos que não mostravam sofrimento demoraram, em média 95.89 segundos, aos dos donos a “chorar” bastaram 23.43 segundos.
“É muito bom saber que os cães são tão sensíveis aos estados emocionais humanos”, congratula-se Emily Sanford, coautora do estudo.
Julia Meyers-Manor, professora de psicologia da Universidade de Ripon, no Wisconsin e também autora do estudo, sublinha que embora não seja possível ter a certeza sobre os fatores que motivaram os animais a abrir a porta, foi clara a diferente na velocidade.
Os investigadores mediram ainda a frequência cardíaca e avaliaram os sinais comportamentais de cada cão como resposta ao stress e a conclusão foi ainda mais longe: Entre os cães dos donos que pareciam aflitos, os que conseguiram abrir a porta mostraram menos stress do que aqueles que não conseguiram. Isto quer dizer que embora os cães dos donos aflitos tentassem ajudar, os mais stressados não conseguiram. Já no grupo dos donos que só entoavam a canção, não foi encontrada relação entre o stress e a abertura da porta, ou seja, tentaram abri-la simplesmente para ir ao encontro do dono.
Isto faz-nos pensar que houve mesmo uma resposta empática”, acrescenta Julia Meyers-Manor.