Ter filhos é uma escolha que envolve muita responsabilidade e, claro, mais ansiedade, tanto para a mãe como para o pai. Mas uma investigação recente da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, revelou, agora, que problemas mais sérios ameaçam mulheres com mais de duas crianças e, ainda mais, as que têm cinco ou mais.
Para o estudo, foram utilizados dados de mais de 8 mil mulheres americanas, entre os 45 e os 64 anos, que mostrou que, quantos mais filhos uma mulher tem, maior é a probabilidade de vir a ter problemas cardíacos.
As mulheres analisadas com cinco ou mais filhos mostraram mais 40% de probabilidade de virem a sofrer um ataque cardíaco grave – nos próximos 30 anos – do que têm apenas um ou dois. Além disso, a probabilidade de virem a ter um AVC é 25% maior e o risco de insuficiência cardíaca aumenta 17% relativamente às mães com um ou dois filhos.
Os investigadores acreditam que estes resultados estão muito ligados ao facto de a gravidez e o momento do parto provocarem uma pressão muito grande no coração. E além disso, “criar filhos pode ser muito stressante”, explica a médica que liderou a investigação, Clare Oliver-Williams, ao Daily Mail. As mães acabam por não ter tanto tempo para elas e vão, invevitavelmente, descuidar a sua própria saúde. “Mas queremos que esta investigação ajude a mostrar a sua importância e o facto de ter filhos pode dar uma motivação extra”, diz.
O estudo também revelou que as mulheres analisadas que sofreram abortos espontâneos também têm mais 60% de probabilidade de terem doenças cardíacas e 45% de virem a ter insuficiência cardíaca. Mas, na opinião dos investigadores, estes resultados têm a ver com problemas anteriores que a mulher já tem e que, inevitavelmente, aumentam as hipóteses de perda de filhos durante a gestação.
Nesta investigação, também foi revelado que a amamentação não tem qualquer impacto positivo na saúde das mães, contrariando vários estudos anteriores, que diziam que ajudava a proteger contra várias doenças cardiovasculares.
A investigadora alerta, no entanto, que o objetivo deste trabalho não é o de preocupar ainda mais as mulheres que já são ou vão ser mães. “Não queremos aumentar o stress que as pessoas já têm no dia-a-dia, mas dar-lhes o conhecimento necessário para tomarem uma atitude”, refere. Pretende-se que as pessoas que apresentam mais riscos possam prevenir-se e, segundo a investigadora, “o número de filhos que uma mulher tem é um sinal muito fácil” para conseguir detetar ou prevenir certos problemas.
A investigação vai ser apresentada na conferência anual da Sociedade Cardiovascular Britânica (British Cardiovascular Society), que decorre entre segunda e quarta-feira, em Manchester.