Nas prateleiras das livrarias, em blogues ou mesmo no feed das redes sociais, é cada vez mais comum encontrar sugestões e dicas de comportamentos para se ser mais feliz. Muitas são lugares-comuns, outras, a serem adotadas, dificilmente se traduziriam em qualquer bem-estar, mas a ciência também tem contribuído com algumas técnicas de auto-ajuda.
Alex Korb, neurocientista e autor do livro The Upward Spiral (2015), apresenta quatro rituais que nos podem ajudar a ser mais felizes, citados pelo blogue Barking Up The Wrong Tree, de Eric Barker, autor do popular livro com o mesmo título.
1 – Contra a preocupação, agradeça
Muitas vezes, parece que o cérebro nos impede de sermos feliz e sentimo-nos culpados ou envergonhado e preocupamo-nos demasiado. Mas porquê?
Segundo o Korb, apesar das suas diferenças, os sentimentos de culpa, vergonha e orgulho ativam circuitos neurais semelhantes – incluindo o córtex pré-frontal dorsomedial, a amígdala, a ínsula e o núcleo de accumbens. Excepto neste último, o orgulho é o sentimento que desencadeia mais atividades em todas essas regiões.
Pode parecer contraintuitivo, mas a preocupação pode ajudar a acalmar o sistema límbico, o que vai aumentar a atividade no córtex pré-frontal mediano e diminuir a atividade da amígdala. O que significa que quando se sente ansioso, fazer alguma coisa contra isso – nem que seja preocupar-se – é melhor do que não ter reação nenhuma.
Para contornar este entrave à felicidade, questione-se sobre os aspetos da sua vida que o fazem sentir mais grato. “Os benefícios da gratidão começam no sistema de libertação da dopamina, porque sentir-se grato ativa a região do tronco cerebral que a produz. Além disso, a gratidão para com os outros aumenta a atividade nos circuitos sociais de dopamina, o que torna as interações sociais mais agradáveis”, revela Korb.
2 – Escreva os sentimentos negativos
Está triste? Ansioso? Irritado? Quando se sentir pior, classifique esse sentimento.
Num estudo publicado em 2007, intitulado Putting Feelings Into Words, os participantes observaram fotografias de pessoas com expressões faciais emotivas. Os resultados revelaram que a amígdala de cada participante é ativada para as emoções causadas por cada imagem, mas quando lhes foi pedido para classificarem as emoções, o córtex pré-frontal ventrolateral foi ativado e reduziu a reação da amígdala. Ou seja, o reconhecimento consciente das emoções reduziu o impacto das mesmas.
3 – Tome decisões
Reconhece aquele sentimento de tomar uma decisão e, em seguida, o seu cérebro finalmente se sentir em paz? A ciência revela que, além de ajudar a resolver problemas, tomar decisões reduz os sentimentos de preocupação e ansiedade.
“Tomar decisões inclui criar intenções e estabelecer metas, e tudo faz parte do mesmo circuito neural. Também ajuda a superar a atividade do corpo estriado que normalmente provoca impulsos e hábitos negativos. E, finalmente, tomar decisões também muda a nossa perceção do mundo – faz-nos encontrar soluções para os problemas e acalmar o sistema límbico”, diz Korb.
4 – Toque nas pessoas
O toque pode ser bastante poderoso. Nem sempre é apropriado tocar em alguém (em algumas situações pode mesmo ser constrangedor ou mal interpretado), no entanto gestos comuns como o aperto de mão ou palmadas nas costas podem aproximar as pessoas. E, em núcleos de amigos ou familiares, o toque pode mesmo melhorar as relações.
Tocar em alguém pode mesmo aliviar a dor, segundo Korb: “As mãos dadas podem confortar o seu cérebro em situações dolorosas.”
No seu livro, o neurocientista relata que, num estudo realizado com recurso a ressonância magnética, um grupo de mulheres casadas foi submetido a pequenos choques elétricos. Os investigadores observaram que, quando as mulheres davam as mãos aos seus maridos ou à pessoa que lhes dava o choque, o impacto da dor era menor.