Por entre o arvoredo surge um focinho curioso. Um javali jovem, talvez com um ano, espreita os visitantes. Assim que viu Daniel Borga, de 11 anos, e o irmão João, de 7, aproximou-se. Com ele, uma série de outros bebés-javali, brincalhões e atrevidos, sempre sob o olhar atento e protetor das mamãs-javali. Começava assim um dia especial, na Tapada de Mafra.
A ideia de ir visitar este fantástico parque natural, às portas de Lisboa, surgiu quando Daniel, apaixonado por aves de rapina, quis ser repórter por um dia. Enquanto não chegava o momento de ir até ao centro de falco- aria -onde iriam conhecer o falcão Xadrez e a águia Morgana -, o passeio por entre zambujeiros, freixos, carvalhos, plátanos, choupos e outras árvores frondosas decorria recheado de animais no seu habitat natural.
Aqui ouvia-se o cuco. Ali avistava–se um gamo, que levantava a cabeça acima da erva para ver quem passava.
Mais adiante cruzavamo-nos com cavalos em passeio.
Os irmãos Borga aproximam-se cuidadosamente do falcão Xadrez
A lei da sobrevivência impera.
Conforme foi explicando a bióloga Margarida Gago, que acompanhou os nossos repórteres, a Tapada é um espaço autosustentável. Quer isto dizer que vive daquilo que produz. O mesmo acontece com os animais, que não são alimentados regularmente, como aconteceria, por exemplo, numa quinta. Na Tapada têm que encontrar o seu próprio alimento -e o leite da mãe, nesta fase, é essencial para chegarem ao segundo ano de vida. A excepção são dias como este, em que os tratadores têm permissão para lhes dar um pequeno suplemento. No balde que a bióloga carrega está milho, aveia e outros cereais. Daniel e João ajudam a distribuir uma mão cheia destes “bombons”. É um privilégio a que poucos têm acesso.
No entanto, todos podem vir até este laboratório vivo onde os animais estão em liberdade, e usufruir de mais de mil hectares de bosques, pasta- gens, matos e linhas de água, rodeados por um muro de pedra e cal com 21 quilómetros. A parte visitável tem 833 hectares e um dos locais muito apreciados é o centro de falcoaria.
Isidro e Pedro, os falcoeiros de serviço, esperam-nos. Lidam não apenas com falcões e águias, mas também com corujas, bufos e mochos. Com eles está o falcão Xadrez, de caparão na cabeça, uma espécie de chapéu que serve para o manter calmo, e com que dorme até à noite. “Cada falcão tem o seu. Já sabem que, quando se tira o caparão, é hora de ir caçar e comer”, explica Isidro aos rapazes.
Os olhos de Daniel brilham. “Sabiam que os machos são mais pequenos do que as fêmeas? Acontece porque eles precisam de ser mais ágeis para caçar o alimento para a mãe e respectivas crias.”
Depois conhecemos Morgana, uma águia de Harris com cinco anos. Tem menos de um quilo de peso, dev ido aos seus ossos ocos que lhe perm item voar muito depressa e de for m a cer teir a . É soc iável e aprende r apid a mente. Daniel não se acanhou nem um instante a intera gir com as aves. Era esse o s eu maior desejo.
João gosta mais de réptei s e não se sent iu muito à vontade com o porte e velocidade de Mor gana. No fina l, e stav a rendido: “Foi fantástico!”.
Daniel lembra : “É preciso escrever que as sess õe s de f alcoaria duram uma hora, são ao ar livre e no fim até podemo s tirar uma fotogra fia c om as aves!”. E não queres re velar que também é possível fazer uma sessão ind ividual por ma rcação prév ia ou queres g uardar segredo só para ti? “Isso, isso!”
O que fazer na Tapada de Mafra?
Além da sessão de falcoaria que tanto entusiasmou os manos Borga, há a caça às hastes dos gamos, na altura em que elas caem, passeios de cavalo ou burro, percursos pedestres e até passeios de comboio por entre vales e montes… E visitas especiais ao amanhecer e passeios noturnos para os mais corajosos! Vai a www.tapadademafra.pt.
Está aberta das 9h30 às 18h30 aos fins de semana e feriados e das 9h às 17h nos dias úteis.
O prometido é devido
No século XVIII, o rei D. João V mandou construir um Palácio–Convento em Mafra cumprindo a promessa que tinha feito caso a rainha sua mulher lhe desse um filho. A Real Tapada de Mafra foi criada em 1747 para tornar o local do palácio mais bonito, para ser um espaço de caça da família real e fornecer lenha e outros produtos da terra ao convento.
Aves e namorados
Os falcões têm apenas um parceiro. Já as águias apenas mantêm o seu durante o acasalamento e a fase de criação dos filhos. Quando eles saem do ninho, vai cada um à sua vida. Os bufos-reais ficam com o mesmo parceiro toda a vida.
Se este morrer, não voltam a acasalar.
Javalis
As javalis têm, em m éd ia , dez c ria s de cada vez e and am em grupos para se pr otegerem.
Ao menor sinal de p erigo, avançam. Cada beb é-javali tem uma teta só par a si, conf orme a ordem por que nascem
Repórter Visão Júnior
Nome: Daniel Borga
Idade 11 anos
Nome: João Borga
Idade 7 anos
Queres entrevistar alguém ou fazer uma reportagem? Escreve-nos para vjuniorreporter@impresa.pt, ou pelo correio, e faremos os possíveis para tornar o teu desejo realidade…
Não te esqueças de mandar o teu nome e telefone