O mundo está de olhos postos na Amazónia, a arder há cerca de três semanas. São os incêndios mais fortes de que há registo no Brasil nos últimos sete anos e estão a pôr em risco a maior reserva de biodiversidade do planeta e a vida de várias comunidades indígenas que habitam no território.
A situação está descontrolada. Só desde o início do ano foram registados mais de 40 mil focos de incêndio na região, e vários especialistas afirmam que a maioria deles é provocada pelo Homem – de forma intencional ou não. Neste momento, não se sabe como travar o fogo, que atinge áreas do Brasil e da Bolívia, e cujo fumo já chegou ao Peru. Aliás, os incêndios são tão extensos que já se veem do Espaço. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, admitiu até que o país não tem meios para combater um fogo tão vasto como este.
Outros perigos para além do fogo
Mas os incêndios não são o único perigo. A Amazónia tem sofrido uma desflorestação intensa. As árvores são derrubadas a uma velocidade alucinante: só em julho, por exemplo, foram destruídos 2255 km2 – a mesma área do Luxemburgo – por exploradores mineiros e agricultores. Ou seja, o mesmo que três campos de futebol por minuto!
Há investigadores que afirmam que, a este ritmo, a Amazónia nunca conseguirá recuperar.
A Amazónia é do tamanho dos Estados Unidos da América e as suas florestas estão repartidas por 8 países, entre eles o Peru, a Venezuela e o Equador. Contudo, é o Brasil que detém a maioria do território: 60% da floresta está dentro das fronteiras deste país.
Por ser tão grande e importante, chamam-lhe «o pulmão da Terra», já que, sozinha, produz 20% do oxigénio que os habitantes do Planeta consomem. É, por isso, necessário que as florestas tropicais amazónicas sejam protegidas, caso contrário, é a própria Terra que corre risco
A Amazónia em números
– A atual floresta tropical já perdeu mais de 17% da sua área original
– A Amazónia concentra mais de 15% da água doce do planeta
– Produz mais de 20% do oxigénio que respiramos
– Absorve mais gazes com efeito de estufa do que qualquer outra região do mundo
– Ali produzem-se 20 mil milhões de litros de água por dia. Com a desflorestação haverá secas com efeitos que não conhecemos
– 33 milhões de pessoas (três vezes o número de habitantes de Portugal) vivem naquele território e dependem dos seus recursos naturais. Entre eles, 350 tribos indígenas
– É a região do Planeta com maior diversidade de espécies animais e vegetais: 40 mil plantas, 16 mil árvores, 5600 peixes, 1300 aves, 1000 anfíbios, 430 mamíferos, 400 répteis e 2,5 milhões de insetos
– 70% da desflorestação tem por objetivo a exploração pecuária, ou seja, a criação de gado
– Na Amazónia brasileira existem cerca de 80 milhões de cabeças de gado. Em 1990, eram cerca de 26 milhões
– Cerca de metade da região amazónica é delimitada e protegida pela lei contra tentativas de exploração ilegal, contudo, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, admite reduzir esta área
Vários movimentos e organizações ambientalistas têm protestado contra as políticas ambientais do presidente Bolsonaro, pedindo-lhe que trave a destruição da Amazónia.
Greta Thunberg, a jovem ambientalista sueca, está a caminho dos EUA, onde participará na cimeira do clima da ONU, no próximo dia 23 de setembro. A bordo de um veleiro, meio de transporte que escolheu para evitar emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, Greta lamentou o que se está a passar. «Mesmo aqui no meio do Oceano Atlântico, ouço sobre a quantidade recorde de incêndios devastadores na Amazónia. Os meus pensamentos estão com os afetados. A nossa guerra contra a natureza deve acabar», escreveu, nas redes sociais.