Um jornal premiado, feito pelos alunos, um jornal “clandestino”, publicado pelos professores, e até gabinete de imagem e comunicação. Saraus de época, com pais professores e alunos vestidos a rigor, para dar a conhecer “Os Maias”, “A Mensagem” ou o “Memorial do Convento”. Um restaurante pedagógico (ver vídeo em cima) onde os alunos do curso de Mesa/Bar servem colegas e professores com o requinte de uma sopa fria de melão e presunto, um lombo com molho de maçã e uma tarte quente de limão. A Escola Básica e Secundária Domingos Capela, um estabelecimento de ensino nos arredores da cidade de Espinho, é a viva prova de que o ensino público está bem e recomenda-se, mesmo quando, como é o caso, serve das zonas pobres de uma cidade. Como está aliás patente no seu lema “uma escola para todos, a pensar em cada um”.
Metade dos alunos da escola, cerca de 300, que serve zonas menos favorecidas da cidade de espinho, optou pela via profissionalizante, seguindo cursos de eletricidade, jardinagem e assistente comercial, por exemplo. Um indicador das condições socioeconómicas adversas que Espinho atravessa – e que nas zonas rurais de Paramos (Aqui paramos, reza a lenda que diziam reis e cavaleiros quando ali passavam e dai a origem do toponímico) Silvade e no Bairro pescatório foram sempre mais a regra do que a exceção. “Mas também uma vitória, já que muitos dos alunos iriam engrossar as estatísticas do abandono escolar, se não tivéssemos médias de alunos a seguir esta via muito superiores à nacional”, explica o professor António Barbosa.
Todos os anos a Domingos Capela – em tempos mal afamada, o lugar dos miúdos “rufias”, mas foi para combater isso que os alunos criaram o Gabinete de Imagem e Comunicação – organiza um evento chamado “Rumos”, onde se dão a conhecer as potencialidades e saberes de alunos e professores e se tenta captar novos estudantes de outras zonas da cidade (Desde há alguns anos que o Ministério da Educação começou a permitir mais flexibilidade na escolha do estabelecimento por parte das famílias – e a fazer depender do maior ou menor número de escolhas parte do orçamento atribuído). Esta é, aliás, uma escola com iniciativa que consegue ir buscar verbas aos prémios que vai recebendo: foi por exemplo premiada pela fundação Ilídio Pinho, com um projeto de escola ecológica, e ganhou por duas vezes o projeto “Público Na Escola”.
A outro nível, Europeu, o projeto “Beyond Music”, que pretende chegar às outras disciplinas através da música ficou no top tem do concurso e-twining – Parcerias Escolares na Europa. A sua anterior diretora, Adelina Pereira foi aliás distinguida com o prémio de Mérito de Liderança 2011, pelo Ministério da Educação. Mas também é uma escola como humor, em que os professores brincam uns com os outros no mensário Cantar À Capela, onde são atribuídos os Tonnes D’or – espécie de Óscares satíricos – e se contam todas as pequenas histórias que fazem o dia-a-dia do pessoal docente.