Deitado na cama do hospital, Chico Caldeira respondia às perguntas do cabo Lince.
– Pois é, sr. cabo, o que lhe posso só dizer é que fiquei sem os mil euros! Tinha acabado de os receber da D. Argentina, pelos trabalhos de canalização que fiz lá no casarão onde a senhora vive… Mas como desmaiei com a pancada que levei na cabeça, não lhe posso contar como a coisa se passou. Olhe, o Chumbinho é que assistiu a tudo. Ele pode contar-lhe…
Lince foi logo procurar Zé Chumbinho. Este outro canalizador, ajudante de Chico Caldeira, estava na oficina a soldar uns tubos.
– Fui ao hospital ver o seu patrão e ele sugeriu-me que viesse falar consigo. Ia com ele no carro ontem à tarde, quando se deu a agressão, não ia?
– Ia, sim – respondeu Chumbinho.
– Então conte-me como tudo se passou.
E Chumbinho começou a contar:
– Vínhamos de casa da D. Argentina. Trabalhámos lá toda a semana. Quando íamos a passar ali pelos Choupos, o motor do carro começou a falhar. Eu não percebo nada de mecânica… O sr. Caldeira saiu e abriu o capô para ver o que seria. Esteve para lá a mexer.
– E você?
– Eu fiquei dentro do carro. E foi então que apareceu um tipo que deu uma traulitada na cabeça do meu patrão. Ele foi apanhado de surpresa e caiu logo sem sentidos e com a cabeça a sangrar. O outro abaixou-se, tirou-lhe a carteira do bolso e desapareceu entre as árvores. Ainda corri um bocado atrás dele, mas achei que o melhor era voltar para trás e cuidar do meu patrão. Levei-o ao hospital. Felizmente não é muito grave.
Lince passou a mão pelo queixo e disse:
– Sim, logo à tarde devem dar-lhe alta. Grave é a sua situação!
– A minha?!
– Sim, a sua. Acompanhe-me ao posto, se faz favor. Macacos me mordam se não foi você que agrediu e roubou o seu patrão!
Qual foi o raciocínio de Lince? Descobre aqui.