O ataque foi totalmente inesperado. O brasileiro Joaquim Silva passeava a cavalo quando, subitamente, caiu num enxame de abelhas selvagens. Em pânico, o cavalo atirou-o para o chão. Joaquim partiu uma perna e o cavalo fugiu, perseguido pelas abelhas furiosas, que se juntaram em grandes quantidades . O cavalo morreu. Joaquim Silva escapou por um triz.
Isto aconteceu em 1971, 14 anos depois de 26 enxames destas «abelhas assassinas» terem escapado a um apicultor brasileiro. Warwick Estavam Kerr queria criar uma nova raça a partir de abelhas nativas e africanas, capazes de produzirem mais mel. Mas as abelhas africanas gostavam mais de viver em liberdade e fugiram.
As descendentes espalharam-se pela América . Estas abelhas não são maiores que as outras, mas reagem com muito maior agressividade.

Quando uma colmeia de abelhas europeias é atacada, a defesa é feita por 20 a 30 animais. Com as abelhas assassinas, aparecem mais de 10 mil. Calcula-se que já morreram mais de mil pessoas vítimas das suas ferroadas. Mesmo assim, os estudios os das abelhas, como o austríaco Gerald Kastberger, acham exagerado o nome de «abelhas assassinas».
Ele diz que para as abelhas matarem alguém é preciso essa pessoa encontrar vários milhares de abelhas bem alimentadas numa velha colmeia, e que elas têm de se sentir atacadas. Uma colmeia pode ser habitada por 40 mil animais! Além dos guardas, há no interior abelhas educadoras, empregadas de limpeza, operárias de construção e, naturalmente, a rainha.
Quem trabalha na colmeia?
Uma obreira recém-contratada tem de prestar provas satisfatórias nas diversas ocupações: tem de limpar o favo, alimentar as larvas e construir favos novos. A cera, que serve de material de construção, é segregada pelas glândulas do abdómen. As abelhas têm uma habilidade espantosa: as paredes dos favos hexagonais (excepto nos cantos) têm sempre uns escassos décimos de milímetro de espessura.
Para reunir um único quilo de mel, uma abelha tem de voar cerca de 200 mil quilómetros – o que equivale a cinco voltas à Terra.
Aos 21 dias de idade, a obreira vai recolher néctar. O néctar é transportado para a colmeia num estômago especial de transporte, chamado estômago de mel. Ali chegadas, as obreiras expelem o conteúdo do estômago para dentro dos favos. Depois voltam a ingeri-lo e o processo repete-se várias vezes até a água do mel se evaporar. O mel que comemos passou, portanto, pelo corpo das abelhas. Parece repugnante, mas é saudável. Como já está pré-digerido, pode ser imediatamente absorvido pelo corpo humano. Apesar de ter sido concebido para alimentar as larvas de abelha…
A rainha pouco trabalha. Recebe um alimento especial e, ao longo de um ano, só põe ovos – até 150 mil. Desses ovos saem sobretudo obreiras, que geralmente vivem apenas algumas semanas. Mas também saem algumas dezenas de zangões. São os machos das abelhas, cuja tarefa principal é fecundar a rainha. Quando se aproxima o Inverno, são expulsos da colmeia. Só a rainha e umas poucas obreiras sobrevivem à estação fria, mas na Primavera seguinte voltam a nascer dezenas de abelhas.
A dança das abelhas
Embora as abelhas possuam um cérebro muito pequeno, dispõem de uma linguagem muito desenvolvida.
Quando uma obreira descobre um novo alimento delicioso, como uma macieira em flor, regressa apressadamente à colmeia. Ali, entrega às colegas uma amostra do néctar e «diz-lhes» onde fica a árvore. Sem palavras mas com passos de dança.

Se a árvore fica a menos de 100 metros, faz uma dança em rodopio – descreve um pequeno círculo, volta-se e volta a percorrer o círculo. Outras abelhas seguem-na numa espécie de dança polonesa.
Pelo tipo de dança e pelo odor que a obreira traz na pele, as abelhas percebem onde devem ir.
Se a macieira fica mais longe, é necessária uma dança de agitação da cauda. A abelha desenha um largo oito deitado. Com a quantidade de oitos a abelha indica a distância até árvore. E a direção da cauda indica a direcção que as colegas terão de seguir para encontrarem as flores. Se for na direção do sol, a abelha ergue a cauda. Se for na direção oposta, baixa-a.
Fascinante, não é?
Este artigo foi originalmente publicado na edição nº 15 da VISÃO Júnior