Quando era pequenina, ao ver o pai cuidar dos cavalos, Arlete Sogorb descobriu que tinha de ser veterinária. A paixão pelo mundo aquático viria mais tarde. Hoje, ela é a médica veterinária responsável pelo centro de vida marinha do Jardim Zoológico de Lisboa.
“Juntei duas das coisas que mais gosto: animais e praia”, refere Arlete, que já conta com perto de 30 anos de experiência.
Tudo começou no Brasil, onde estudou medicina veterinária. Já tratou elefantes marinhos, orcas, diferentes espécies de leões-marinhos, manatins, focas, botos cor-de-rosa e golfinhos. Já imaginaste colocar um golfinho numa maca? Não imagines. Muitos tratamentos são feitos dentro de água, sem remover os animais do seu meio aquático, a não ser que seja necessário fazer uma operação.
Para que tudo corra bem, treinadores e veterinária trabalham em conjunto. “Os treinadores são os meus olhos, os meus ouvidos e muitas vezes as minhas mãos”, revela Arlete Sogorb. O treinador conhece os animais como ninguém e cada golfinho tem de ser treinado para que numa altura de exames médicos ou análises ao sangue possa estar relaxado e sem medo. Afinal, são animais selvagens.
Mas Arlete não se fica pelos golfinhos, leões-marinhos e pelas focas do Jardim Zoológico. A sua enorme experiência em vida marinha fez com que também pertença à Rede Nacional de Arrojamentos que se chama ABRIGOS e que está ligado ao auxílio de animais que dão à costa e não conseguem regressar ao oceano. Na verdade, um médico está sempre pronto a ajudar!
Sabias que os golfinhos não podem ser operados?
Primeiro porque não podem ser anestesiados: “A respiração dos golfinhos é consciente, mesmo a dormir o cérebro destes animais não fica totalmente a descansar.” Segundo, porque não podem ser entubados. A traqueia faz um L e não existe forma de assegurar a respiração sem este método. Finalmente, porque é dificílimo suturar (coser) a pele de um golfinho graças à sua textura e à camada de gordura.
Como se aprende?
Nada como começar a ajudar a proteger a natureza cuidando da fauna e da flora que te rodeia. Terás de gostar muito de biologia. Depois, quando chegar a altura de ires para a universidade, escolhe um curso de medicina veterinária. A partir daí é a tua dedicação, curiosidade e muita força de vontade que te vão orientar. Quer gostes mais de animais do mar, ou de animais da terra, a verdade é que todos eles vão agradecer a tua atenção.
Texto: Fernando Carvalho