Há 50 mil anos que ninguém lhe punha os olhos! O cometa C/2022 E3 (ZTF) foi descoberto recentemente pelos cientistas e está a passar pelo interior do nosso sistema solar. Segundo a NASA, a agência espacial dos Estados Unidos da América (EUA), poderá ser avistado em janeiro e fevereiro, se o tempo ajudar com um céu limpo.
O C/2022 E3 (ZTF) foi descoberto em março, por um telescópio do Observatório Palomar, na Califórnia (EUA). Desde então, está a ser seguido pelos astrónomos que, segundo os seus cálculos, terá cruzado o nosso sistema solar há cerca de 50 mil anos, ou seja, numa época em que os neandartais (a espécie anterior ao Homo sapiens) ainda habitavam a Península Ibérica.
À medida que o C/2022 E3 (ZTF) se aproxima do nosso planeta, há que procurar a sua cauda verde, mas será muito mais fácil se fores para longe de locais muito iluminados. Dentro das cidades é difícil devido à poluição luminosa, por isso, os melhores sítios são longe delas. Que tal convenceres os teus pais a fazerem um passeio noturno pelo campo?
Onde procurar C/2022 E3 (ZTF)?
“A partir do dia 20, passa a ver-se logo ao anoitecer e nunca passa abaixo do horizonte; entre os dias 27 e 31 passa na constelação da Ursa Menor”, aponta o astrónomo Ricardo Cardoso Reis, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
1 de fevereiro será o dia em que o cometa estará mais próximo da Terra, a 42,5 milhões de quilómetros de distância – chama-se a isto o perigeu – e será nessa altura que, em princípio, estará mais brilhante.
“Estará na constelação da Girafa (Camelopardalis), que infelizmente não tem nenhuma estrela particularmente brilhante, pelo que se não tiver brilho suficiente para ser visto a olho nu, será difícil de encontrar”, explica o astrónomo.
A 6 de fevereiro, apesar de já não estar tão brilhante, talvez o consigas encontrar com mais facilidade. “Por volta das 9 da noite, o cometa está praticamente no zénite (ponto do céu “por cima das nossas cabeças”), e a cerca de 2 graus da estrela Capella, na constelação do Cocheiro, uma das mais brilhantes do céu à noite”, acrescenta.
Se não estás muito a par de constelações e astronomia, aconselhamos-te a procurar mais informações sobre a sua localização na Wikipédia, que disponibiliza um mapa entre dia 14 e 16 de fevereiro.
Se o tempo ajudar e a luz lunar não incomodar, é possível que o possas observar com uns binóculos ou mesmo a olho nu. A questão é saber se o C/2022 E3 (ZTF) irá manter o seu brilho durante o percurso.
Sabias que…
… se quiseres observar objetos difusos no céu, o melhor é não olhar diretamente, mas pelo “canto do olho”? Trata-se, na verdade, de um velho truque dos astrónomos.
“O nosso olho tem dois detetores de luz: os cones e os bastonetes. Os primeiros são sensíveis a variações de cor, mas existem em menor número. Já os bastonetes existem em maior número, são responsáveis pela visão periférica, ou seja, o que se encontra ao redor do nosso campo de visão (por isso estão essencialmente localizados no canto do olho) e são mais sensíveis a variações de brilho”, explica o astrónomo.