A verdade é que não há duas, três ou quatro cores de pele – há muitas. E isso depende da quantidade e do tipo de melanina que existe na pele de cada um de nós. A melanina é uma substância produzida nas células da pele chamadas «melanócitos». Esta divide-se em dois tipos: a eumelanina – que apresenta uma cor castanha ou preta – e a feomelanina – mais avermelhada ou amarelada. Além da pele, a melanina também influencia a cor dos olhos e do cabelo.
A principal função da melanina é proteger-nos dos raios solares ultravioleta (UV). Sem ela, a pele, que é o maior órgão do corpo humano, ficaria completamente desprotegida. Isso seria muito perigoso para a nossa saúde, podendo resultar em queimaduras e até em cancro de pele. É por isso que, na praia, os teus pais te besuntam de protetor solar!

A herança da nossa família
Mas a melanina não é a única responsável pelo nosso tom de pele, cor do cabelo ou dos olhos. Todos nós temos uma «herança genética», ou seja o nosso ADN. Trata-se do conjunto de informações que está guardado no núcleo de todas as nossas células e que determina as nossas características individuais. Resulta da mistura do ADN dos nossos pais e é uma espécie de herança dos nossos antepassados.
Resultado: tu és único! As «combinações» de informação genética podem ser inúmeras e resultarem, por exemplo, em indivíduos de pele escura com olhos verdes ou em pessoas de pele clara com cabelo crespo. Uma coisa é certa: por muito diferentes que sejam as nossas características físicas (ou morfológicas), pertencemos todos a uma só raça − a raça humana.

Há muito, muito tempo…
Os humanos modernos (Homo sapiens) tiveram origem em África, na região abaixo do deserto do Sara. Os cientistas não sabem exatamente quando surgiram, mas estimam que terá sido entre 300 e 200 mil anos atrás. Durante muitos milhares de anos, estes homens foram caçadores-recolectores, alimentando-se dos animais que caçavam e das plantas silvestres. Só há mais ao menos 70 mil anos é que estes nossos antepassados se foram «espalhando» pelo mundo, migrando para várias direções do globo, da Austrália à América do Sul.
Em África, onde eles permaneceram durante milhares de anos, a exposição solar era intensa, pelo que era importante que a sua pele produzisse muita melanina; contudo, noutras zonas para onde foram, como a Europa, o clima era diferente. Ora, se há menos sol, o corpo não precisa de produzir tanta melanina para se proteger. Repara que a maioria de nós, portugueses, que vivemos no Sul da Europa, temos tons de pele e de
cabelo mais escuros do que os suecos, que vivem num país onde há meses em que o sol se põe às três horas da tarde. Por outro lado, a pele clara dos povos do Norte da Europa ajuda a absorver o pouco sol que existe, e que é tão importante para ajudar o corpo a produzir vitamina D.
Resumindo: por muitas diferenças que existam entre nós, pertencemos todos à mesma raça. E por muito diferente que seja a nossa pele, cabelo, formato dos ossos ou dos olhos, se nos virássemos do avesso, veríamos que somos todos muito parecidos.

UM LÁPIS NÃO CHEGA!
Quantas vezes já pediste ao teu colega do lado para te emprestar o lápis «cor de pele»? Mas repara na cor desse lápis. Consegues pintar a pele de toda a gente só com ele? Pois é! Se todos temos tons de pele diferentes, não faz muito sentido que exista só um lápis. Por essa razão, há marcas de material escolar que já criaram conjuntos mais completos, com muitas cores diferentes.
OBJETIVO: PROTEGER!
Se pensas que as pessoas com uma pele mais escura não precisam de protetor solar porque não apanham «escaldões», enganas-te: os raios solares UV podem provocar queimaduras e até cancro de pele, independentemente de esta possuir mais ou menos melanina ou ser mais escura ou mais clara.
Este artigo foi originalmente publicado na edição nº 194 da VISÃO Júnior