Os arrotos são gases que o nosso corpo expulsa pela boca. Aliás, há quem lhes chame «puns que apanharam o elevador»! Ao mastigarmos os alimentos ou pastilha elástica, por exemplo, engolimos ar que vai para o estômago. Uma dica: não fales muito enquanto comes. Se bebermos refrigerantes, também estamos a ingerir gás, só que neste caso é dióxido de carbono. Algum desse gás é absorvido pelo corpo, mas uma parte sai por onde entrou e lá vem aquele arroto barulhento que faz tremer paredes!
ANOTA: As paredes do esófago vibram quando o ar passa por ali grande velocidade – é isso que provoca o som dos arrotos.
Ranhoca boa
Ranho, macacos ou catotas. Seja qual for o nome que dás ao muco do teu nariz, a verdade é que é sempre nojento. Principalmente quando é verde e escorregadio. Mas, na realidade, ele protege-te. Produzido pelas membranas mucosas, este fluido viscoso prende as partículas minúsculas de sujidade, como o pó e os pólenes que te entram pela narigonça adentro, impedindo-os de chegar aos pulmões, o que provocaria doenças. Mas o ranho não tem sempre a mesma cor. Se está tudo bem, ele é transparente; mas quando o teu corpo está a lutar contra uma infeção provocada por um vírus ou uma bactéria, fica verde ou amarelado.
ANOTA: Produzimos todos os dias entre um litro e um litro e meio de muco. A maioria desce naturalmente pela garganta.
Suor e chulé
A transpiração é a maneira natural que o nosso corpo tem de se arrefecer e evitar que atinjas uma temperatura demasiado alta, quando está muito calor lá fora ou fazes exercício físico. Também ajuda a libertar toxinas. Há partes do corpo em que o suor é muito malcheiroso. Isso acontece nas zonas mais peludas, como as axilas. Ali existem glândulas apócrinas que produzem um suor com muitas proteínas que atraem as bactérias que causam o tal pivete.
ANOTA: As axilas, o rosto, as palmas das mãos e dos pés são as zonas onde há mais glândulas do suor – ou sudoríparas. Só nos pés, há cerca de 250 mil. Não admira que fiques tonto quando tiras os ténis…
Feridas com líquido e crostas
Já sabes como tudo se passa: estás a andar de bicicleta e, de repente, catrapum! Grande trambolhão, joelho esfolado, sangue e, passado uns dias, uma ferida com pus e uma crosta feiosa e enrugada. OK, não é bonita, mas não a arranques! Quando te magoas ou fazes um corte, o teu corpo envia um sinal ao cérebro que põe imediatamente em ação uma série de químicos, proteínas e umas células especiais chamadas plaquetas. Todos juntos, vão firmar uma crosta sobre a ferida, que vai protegê-la e ajudá-la a curar, até que fique coberta por pele novinha em folha. Uns dias depois, aparece o exsudado, um líquido claro que ajuda o processo de cura. É nojento, mas eficaz!
ANOTA: Se tirares a crosta de uma ferida, a probabilidade de ficares com uma cicatriz aumenta.
Cera dos ouvidos
Já te aconteceu espreitar o ouvido de um colega e dares de caras com uma pasta amarelada e um bocado nojenta? Pois, é cera dos ouvidos, e não é muito bonita de se ver. Mas tem a importante função de proteger os ouvidos. Produzida pelas glândulas sebáceas, impede a entrada de poeiras, micro-organismos (e até pequenos insetos!) que podem causar infeções nos ouvidos. É por isso que não deves limpar demasiado os ouvidos, nem escarafunchar com cotonetes. Há, aliás, uma expressão que diz que nos ouvidos só devemos meter o cotovelo. Percebes a piada, certo?
Está na hora do cocó
És daqueles que vai à cada de banho duas ou três vezes por dia e deixas na sanita um cocó macio em forma de banana? Parabéns! E se aí por casa te chamarem cagão, não ligues. Significa apenas que tens uma dieta equilibrada e que os teus intestinos funcionam às mil maravilhas. As fezes – que é a palavra chique para cocó – são constituídas na sua maioria por água, mas também contêm resíduos do teu corpo, como células mortas e bactérias, e restos de alimentos que não foram digeridos. Se a tua «obra de arte» ficar a flutuar, isso pode querer dizer que os gases que tinhas nos intestinos não se transformaram em puns mas ficaram nas fezes, tornando-as esponjosas e flutuantes.
ANOTA: Durante a vida, uma pessoa faz cerca de 10 a 50 toneladas de cocó.
Puns há muitos!
Há, pois há, e costumam ser malcheirosos. Mas, afinal, porque damos puns? Quando comemos, engolimos sempre algum ar, que segue pelo sistema digestivo até aos intestinos e acaba por sair pelo ânus. Durante a digestão dos alimentos, que envolve as bactérias que existem no nosso corpo, também são produzidos gases. Há alimentos que provocam mais puns do que outros, como o feijão, os brócolos, as batatas e o pão.
Estes gases, produzidos no intestino, saem pelo ânus de forma mais silenciosa mas são muito malcheirosos – são as chamadas bufas, carregadinhas de enxofre, que nos fazem cair para o lado. Já as bolhas de ar que engolimos resultam naqueles puns barulhentos que nos fazem passar vergonhas mas que não costumam ter cheiro.
ANOTA: Em média, uma pessoa saudável dá 14 puns por dia.
Vamos espreitar o chichi
Nem tudo o que comemos e bebemos é bom. Às vezes, é mesmo mau, e o corpo tem de eliminar o que lhe faz mal, como as toxinas. E a urina é uma das formas que o teu corpo tem de as eliminar. Contas feitas, 95 por cento do teu chichi é água, e o restante são resíduos dissolvidos vindos da corrente sanguínea, sais e químicos variados e até algumas hormonas.
Mas o teu chichi pode dizer muito acerca de ti. Antes de puxares o autoclismo, espreita. Por exemplo: o teu chichi é amarelo-claro ou escuro? Se é claro, é uma urina saudável; se é escuro, deves beber mais água. Faz muita espuma? Talvez estejas a perder proteínas através da urina. É cor-de-rosa? Provavelmente comeste beterraba ao almoço…
ANOTA: Em média, as mulheres gastam 79 segundos a fazer chichi e os homens 45 segundos.
Bolhas
Quando te queimas ou alguma coisa, como um sapato, está em fricção constante com a tua pele, lá aparecem as bolhas. Lá dentro existe um líquido transparente – o plasma ou soro. Esse líquido amortece o atrito com a camada inferior da pele, protegendo-a e dando-lhe tempo para que se cure. É por isso que não deves furar as bolhas nem retirar a pele extra.
Que vómito!
São várias as razões porque vomitamos. Se comemos alguma coisa estragada, andamos de carro numa estrada cheia de curvas ou estamos muito nervosos, é normal que nos sintamos enjoados e tenhamos de enfiar a cabeça numa sanita. Nestas situações, o cérebro recebe uma mensagem no chamado centro de vómito e ordena aos músculos que comecem a trabalhar ao contrário e mandem a mistela que temos no estômago de volta para a boca. Essa mistela é uma mistura de comida mal digerida, saliva e suco gástrico. E se é esverdeada é porque contém bílis, uma substância que existe no aparelho digestivo e que ajuda a digerir os alimentos.
ANOTA: Quando vomitas, as glândulas salivares na tua boca produzem muita saliva para proteger o esmalte dos teus dentes dos ácidos do estômago.
Este artigo foi publicado originalmente na VISÃO Júnior nº 202.