Estás num parque de diversões. À tua frente, uma montanha-russa GI-GAN-TES-CA. Entusiasmados, os teus amigos querem logo experimentar e tu também tens vontade, mas a tua barriga começa às voltas e o coração bate cada vez mais depressa. Até parece que ficas enjoado e ainda nem sequer andaste! Essa «dor de barriga» e o coração «a saltar do peito» são a reação do teu corpo a uma emoção que estás a sentir. Talvez seja medo…
O medo é uma das muitas emoções que todos os seres humanos sentem. As mais comuns são a alegria, a tristeza, a raiva, o nojo ou aversão, a surpresa e o medo, mas há outras. Umas fazem-nos sentir bem – como a confiança, a bondade ou o entusiasmo – e outras fazem-nos sentir mal – como a culpa, a vergonha ou a saudade –, mas não podemos dizer que há emoções boas e más, porque todas são importantes e normais.
Por exemplo, se nunca tivéssemos medo, podíamos meter-nos em sarilhos. O que aconteceria se não receasses saltar de um oitavo andar? O mais provável é que não sobrevivesses… E se não te zangasses com um colega que está sempre a gozar contigo? Talvez te tratasse mal o ano inteiro porque sabia que ias manter-te calado.
Aprender a «regular» as emoções
Não há emoções «boas» ou emoções «más», mas é importante saber o que fazer com elas. As coisas na escola não vão correr bem se desatares aos pontapés sempre que o tal colega gozar contigo, e os teus professores também não vão achar piada se pulares de alegria na sala de aula sempre que tiveres boa nota num teste. É importante saber «regular» as emoções. A boa notícia é que, com a idade e algum treino, isto vai ficando mais fácil.
Lembras-te do início do ano letivo? Havia tantas regras novas para cumprir por causa da pandemia: a máscara, o distanciamento, os horários desfasados. Além disso, na televisão discutia-se se seria perigoso as crianças e os jovens voltarem a ter aulas presenciais, e os teus pais «buzinavam-te» aos ouvidos: «Põe a máscara! Não te esqueças de lavar as mãos!»
Provavelmente, no primeiro dia de escola, estavas com medo, mas conseguiste ultrapassá-lo. Ao mesmo tempo, também deves ter sentido muita alegria quando reencontraste os teus colegas, mas com certeza «regulaste» essa emoção para conseguir ter o comportamento adequado: não dar abraços e manter o distanciamento. A esta capacidade de lidar com as emoções e de nos comportarmos de maneira adequada à situação chamamos inteligência emocional.
Sentimentos e emoções são a mesma coisa?
Não, apesar de os confundirmos muitas vezes. As emoções são reações automáticas, mas os sentimentos precisam de tempo para crescerem dentro de nós. As emoções refletem-se no corpo; por isso, conseguimos vê-las, mesmo que durem apenas milésimos de segundo; os sentimentos vivem «escondidos» dentro de nós. Por exemplo, podes sentir-te profundamente triste durante muito tempo, mas, se fores dizendo piadas e te mostrares sorridente, é possível que ninguém desconfie.
Diz o que sentes
Isto não significa que deves esconder o que sentes. Se o fizeres, os outros nunca saberão o que se está a passar contigo. Muitas vezes, não expressamos as nossas emoções porque não queremos que pensem mal de nós. Temos medo de ficar doentes com Covid-19, mas não queremos que julguem que somos «medricas»; somos vítimas de bullying, mas fingimos que não nos importamos para não pensarem que somos «fracotes». Mas esconder ou negar o que sentimos não costuma dar bons resultados. Às vezes, até resulta em doenças.
Quando sentires que uma emoção está a apoderar-se de ti e te faz sentir mal, fala com os teus pais, com um professor ou um amigo e explica o que se passa. Não tenhas vergonha do que sentes; lembra-te: não há emoções «boas» nem «más», e não há ninguém que seja sempre corajoso ou bonzinho. Todos sentimos raiva, vergonha, tristeza ou medo de vez em quando. Só tens é de aprender a lidar com isso e não deixar que as emoções «tomem conta» de ti.
As 6 emoções mais comuns
De certeza que já sentiste muitas vezes estas emoções. Por isso, propomos-te um desafio: pensa numa situação que tenhas vivido e que te tenha provocado estas emoções, e descreve-a no espaço tracejado. Por exemplo: «Fiquei alegre quando os meus pais me disseram que ia ter um irmão» ou «Senti nojo quando vi uma alforreca na praia».
Alegria
Provoca-nos um sentimento de satisfação, bem-estar
Tristeza
É um sentimento de angústia, inquietação e mal-estar provocados por qualquer situação
Medo
Sensação de perigo real. Possibilidade de situação assustadora
Raiva
Sentimento irritação que pode levar a ataques de fúria e agressividade
Surpresa
Algo inesperado, que não esperavas encontrar ou viver
Nojo/Aversão
Sensação de repulsa, que nos afasta de uma pessoa, coisa ou situação
Como é que o teu corpo reage às emoções?
Já ouviste expressões como «ficar sem ar», «sentir borboletas na barriga», «ficar com pele de galinha» ou «vermelho de raiva»? Referem-se às tais ações que acontecem no teu corpo quando sentes determinada emoção.
Maxilares
Num momento de raiva, tens tendência a apertar os maxilares com força; quando estás alegre, relaxas a boca e sorris.
Tronco
Se tens medo, é normal que comeces a transpirar. Isso também pode acontecer quando ficas entusiasmado.
Pernas ou braços
Quando vês algo que te mete nojo, a pele fica arrepiada e até os cabelos se eriçam.
Cara
Se sentires vergonha ou raiva, é provável que fiques com a pele mais vermelha. Se apanhares um susto, talvez fiques branco/pálido.
Olhos
Se te fizerem uma surpresa, os teus olhos abrem-se de espanto. Mas se vires algo que te assusta, fecham-se com força. Também podes chorar, tanto de alegria como de tristeza.
Coração
Quando vês a pessoa por quem estás apaixonado, o teu coração começa a bater mais depressa. Mas também «dispara» quando te zangas ou assustas.
Mãos
Numa situação de perigo, os teus músculos ficam mais tensos. Às vezes, com raiva, fechas os punhos.
Este artigo foi originalmente publicado na edição nº 198 da VISÃO Júnior.