Será que os animais sentem da mesma forma que nós? E será que conseguem perceber o que se passa com eles quando estão alegres ou tristes? Quantas vezes já olhaste para um cão, um gato ou um cavalo e pensaste “só lhe falta falar”? Muitas, de certeza! Pode ter sido porque naquele momento te dava jeito um amigo com quem partilhar um segredo. Mas apostamos que a maioria das vezes foi porque o bicho não te pareceu assim tão diferente de uma pessoa.
Os cães “leem” a nossa linguagem corporal
É natural. Começando pelos cães, eles são extraordinários a “ler” as emoções na nossa cara. E essa habilidade explica-se facilmente: como vivem connosco há milhares de anos, aprenderam a usar a comunicação facial como nós.
Quanto às próprias emoções, sabe-se que as têm, só não se sabe exatamente aquilo pelo que estão a passar. Por exemplo, quando um cão faz um disparate, nós ralhamos e ele demonstra culpa, não é? Hum…
Se calhar, sim, o cão sente-se culpado, mas os cientistas não são capazes de medir isso. O mais provável, dizem, é ele perceber que estamos irritados, ao ler a nossa linguagem corporal. Então, agacha-se ou mostra a barriga, para parecer pequeno e indefeso. Está a tentar uma reconciliação.
Gatos: quando nos veem sorrir, ronronam
Um estudo recente concluiu que os gatos também reconhecem as expressões faciais – mas só as dos seus donos. Com a convivência, reagem de acordo com as emoções deles. Por exemplo, se os donos sorriem, os gatos começam a ronronar.
Diz quem estuda o comportamento animal que isso acontece porque os gatos associam os sorrisos a recompensas. Ou seja, aprendem que os donos são mais generosos (dão-lhe guloseimas, por exemplo) quando estão bem-dispostos.
Aqui chegados, já percebeste que os cientistas ainda não têm todas as certezas. Se os animais falassem, era tudo mais simples, claro! Mas acredita que nunca se fizeram tantos estudos sobre bichos como agora. E tudo indica que têm uma vida interior mais rica do que alguma vez pensámos.
Até as moscas têm emoções!
Segundo o conhecido investigador da área do cérebro António Damásio, os animais têm algumas sensações (por exemplo, sentem dor e prazer), mas não pensam nelas, ao contrário de nós. Os cientistas chamam a isto «consciência simples» (sentir uma coisa mas não pensar nela).
O que nos distingue dos animais, então, é a nossa capacidade de dar um sentido às coisas, e não tanto as emoções, porque até as moscas têm mecanismos desenvolvidos de emoções, que são desencadeados de forma automática, sem consciência. Sim, leste bem, as moscas!
O espanto não é apenas teu. Temos tendência para considerar que certos animais são muito estúpidos, como as galinhas, e outros muito inteligentes, como os cães. E valorizamos, por exemplo, os chimpanzés, só porque parecem nossos “primos”.
A verdade é que olhamos para os animais do nosso ponto de vista. Comparamos os seus comportamentos com os nossos, quando nem sequer se deve fazer isso entre as diferentes espécies. Eles têm valor por si próprios.
Galinhas sabem adaptar-se
Se pensarmos que a inteligência é a capacidade de um animal se adaptar ao sítio e às condições em que vive, podemos dizer que, em termos de evolução da espécie, a galinha é o mais inteligente de todos os animais. Não será por acaso que é a espécie mais abundante no planeta, entre os vertebrados.
Chimpanzés adivinhadores
Quando se põe um chimpanzé à frente de um espelho, ele tem consciência de que é ele próprio naquele reflexo. É capaz de entender e antecipar os pensamentos dos outros (sejam eles desejos, motivos ou intenções). Um estudo recente prova que o chimpanzé macho procura a fêmea também para estar com os filhos de ambos.
Golfinhos fazem caretas para o espelho
Quando um golfinho-roaz é posto em frente a um espelho, ele mostra habitualmente grande interesse no seu reflexo. Sabes como reage? Abre a boca e deita a língua de fora, eh, eh, eh!
Polvos abrem frascos
O polvo é um animal extraordinário, capaz de fazer coisas difíceis como desenroscar tampas de frascos que contêm comida. Também rouba peixe diretamente das redes dos pescadores. E parece incomodado com o próprio reflexo num espelho.
A selfie da macaca
Foi já há nove anos que esta fotografia, tirada na reserva Tangkoko, na ilha indonésia de Sulawesi, espantou meio mundo. “Os macacos sabem tirar selfies?!” O fotógrafo britânico David J. Slater, especializado em natureza, respondeu que não. Tinha sido ele a deixar a sua máquina fotográfica pronta a ser usada, na esperança de suscitar a curiosidade dos primatas da espécie Macaca nigra que por ali andavam. A verdade é que uma fêmea agarrou nela, virou-a para si e clicou várias vezes. O fotógrafo já ganhou muito dinheiro com esta imagem, que parece um sorriso, e acabou por aceitar doar 25% das receitas a associações que protegem macacos.
(Texto publicado na edição nº 189 da VISÃO Júnior)