Uma forma sustentável de combater o Meloidogyne incógnita, um parasita que ataca as alfaces, foi encontrada por um grupo de investigadores do Instituto Neiker Basco para a Investigação e Desenvolvimento Agrícola, em Espanha. O estudo foi publicado a semana passada. O produto em questão é uma mistura de óleo de colza, grãos de cerveja usados e estrume de vaca fresco.
Funciona da seguinte forma: a mistura usada, por ser rica em nitrogénio, traz benefícios para os microrganismos do solo, ajudando a decompor a matéria orgânica, como o estrume, e matar o Meloidogyne incógnita, ou nemátodos.
Este novo método tem o potencial de desinfestar solos, preservar os microrganismos saudáveis que lá habitam e aumentar a produtividade das colheitas. Além de eficaz, é sustentável, uma vez que é constituído por estrume e subprodutos de desperdício agroindustrial que, se não fossem aproveitados, iriam par aterro.
Resultado duradouro
O estudo, publicado na Frontiers in Sustainable Food Systems, foi conduzido na estufa comercial ao longo de sete semanas. Os investigadores fizeram as suas avaliações em várias fases do tratamento e concluíram que a atividade microbiológica aumentou significativamente nos solos tratados; na primeira colheita depois da desinfeção, o rendimento da alface aumentou nas parcelas tratadas. Mesmo após um ano, as parcelas de terra que tinham sido tratadas foram menos afetadas pelos parasitas.
O Meloidogyne incógnita é um parasita que se entranha nas raízes das plantas (neste caso, na alface, mas também afeta outros alimentos, como a batata, o cacau, a cebola, a cenoura) e lá põe ovos, provocando saliências que se assemelham a galhos, ou a nós, e impedem a planta de absorver os nutrientes necessários, o que provoca perdas significativas nas colheitas. Atualmente, para matar este parasita comum, usam-se “nematicidas” sintéticos, substâncias que prejudicam a biodiversidade dos micróbios presentes na terra.
“Isto [o estudo] pode ajudar-nos a perceber quais são as características que devemos procurar noutros tratamentos orgânicos para que estes sejam eficazes no combate aos parasitas do solo”, comenta Maite Gandariasbeitia, uma das investigadoras, à Phys.org.
Os problemas para a saúde e para o ambiente causados pelo uso excessivo dos pesticidas são bem conhecidos. São várias as soluções, sustentáveis, a serem estudadas para contornar as adversidades causadas por estes produtos: robôs que eliminam ervas daninhas, produtos geneticamente modificados para sobreviver às pragas, dispensando o uso deste tipo de químico, ou então outras soluções mais orgânicas, como esta, que ao mesmo tempo introduz na economia circular produtos que de outra forma seriam desperdiçados.