Chama-se Elizabeth Ann e é um clone de doninha-de-patas-pretas. Nascida em dezembro, a partir de uma “barriga de aluguer”, foi feita num laboratório a partir das células congeladas de Willa, uma doninha-de-patas-pretas que viveu há mais de três décadas. O animal foi apresentado a semana passada ao mundo pelo Serviço de Pesca e Vida Selvagem, uma entidade federal que se dedica a preservar a fauna americana.
O clone foi resultado de um esforço para recuperar a espécie, que se encontra severamente ameaçada nos EUA, principalmente devido às pragas de que foram alvo e aos cães-da-pradaria, que caçavam as doninhas para se alimentar.
Segundo o Serviço de Pesca e Vida Selvagem (FWS, na sigla original) dos EUA, as doninhas-de-pata-preta são uma das espécies mais ameaçadas da América do Norte. Foram declaradas extintas em 1979, mas dois anos depois foi descoberta, em Wyoming, uma pequena matilha de sete indivíduos. Foi da sua reprodução que nasceram as doninhas-de-pata-preta que restam hoje nos EUA, mas a falta de diversidade genética dá aos animais uma maior suscetibilidade a doenças, anormalidades genéticas, adaptação limitada aos habitats e diminuição da taxa de fertilidade.
“Um estudo genético revelou que o genoma da Willa possuía três vezes mais variações únicas do que a população que está hoje viva”, revela o FSW em comunicado. “Portanto, se Elizabeth Ann acasalar e se reproduzir com sucesso, poderá fornecer uma diversidade genética única para a sua espécie.”
Outros esforços foram feitos para preservar a espécie, como por exemplo vaciná-la contra a Covid-19 e usar técnicas de reprodução assistida em cativeiro. Elizabeth Ann no entanto, não vai ser libertada na Natureza: será mantida e observada na sede do FSW, no estado do Colorado.
“Vê-la a prosperar inicia uma nova era para a sua espécie e para as espécies que precisam de ser conservadas em todo o laod. Ela é uma vitória para a biodiversidade e para o resgate genético”, declarou Ryan Phelan, Diretor Executivo da Revive & Restore, uma das associações envolvidas neste projeto.
Clonar animais não é uma novidade. Em 1952, os cientistas demonstraram que podem remover o núcleo de um ovo de rã, substituí-lo pelo núcleo de uma célula embrionária de rã, e fazer com que o ovo se desenvolva num girino; 44 anos depois, em 1996, nasceu o primeiro mamífero colonizado a partir das células de um animal adulto, a ovelha Dolly. Desde aí, já foram colonizados gatos, coelhos, cavalos e outros animais.