Qual o custo ambiental de organizar uma conferência, uma inauguração, um festival? Só no Reino Unido, 12 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa por ano – um número que não leva em conta os impactos na produção de resíduos.
As empresas de eventos, no entanto, estão a mudar a sua forma de trabalhar, garante Manuel Vaz, fundador da Expanding World, na conversa da VISÃO VERDE desta semana. “Vai ter de ser. Não vamos ter outra hipótese. Existe agora uma grande sintonia nessa necessidade.” O empresário prevê mesmo que, num futuro próximo, seja o consumidor a selecionar a sua experiência mediante medidas de redução e de minimização de impacto. Mas, para já, ainda poucos clientes o pedem explicitamente.
Ainda assim, avisa, para serem ambientalmente sustentáveis, os projetos têm também de ser economicamente viáveis. “Enquanto não houver visibilidade económica, não vai ser sustentável.” Por outro lado, “não basta pregar a sustentabilidade e depois… business as usual”.
Eventos híbridos?
Quando se organiza um evento com o foco no Ambiente, é preciso pensar no final que se quer e encontrar soluções alternativas. “Temos de perceber localmente o que podemos fazer. Quantos quilómetros de transportes e litros de combustível podemos poupar para prestar o serviço? É mesmo necessário imprimir? O cliente quer bonito, mas tem de ser impresso? E como é que podemos ajudar empresas mais pequenas a integrarem o mesmo esforço?”, enumera Manuel Vaz.
É igualmente uma questão de sobrevivência das empresas, num mundo em mudança, muito mais exigente. “Ou se adaptam ou ficam para trás.” Mas não é um passo barato. “O primeiro entrave é o custo. Neste momento, é mais caro. A inovação é sempre mais cara.”
É um preço que tem de ser pago. “Agora estamos a viver esta pandemia, mas temos de pensar que vamos enfrentar desafios piores, como vimos a semana passada na Alemanha. Vivemos anos em ignorância, a alegar que não sabíamos muitas coisas, mas hoje não temos essa desculpa. Uma empresa não pode ter mais essa desculpa para não fazer o que deve.”
As lições da pandemia podem vir a dar uma ajuda à descarbonização, pelo menos em parte, dos eventos, que Manuel Vaz acredita virem cada vez mais a terem formatos híbridos – presencial e virtual –, reduzindo o número de viagens. “Será esse o futuro. Num evento em que são esperadas três mil pessoas, por exemplo: terão todas de estar fisicamente? Ou só metade. E isso será positivo.”
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