Para ouvir mais dicas como a que está no título, sobre desperdício na cozinha, há que assistir ao vídeo até ao final. Antes, conta-se de onde saíram estes Kitchen Dates, até onde chegaram e para onde querem ir. Entretanto, aprende-se como viver tendo como meta a sustentabilidade alimentar.
Este projeto nasceu por culpa do pão, do mau pão, sejamos mais específicos. Um dia, Maria Antunes e Rui Catalão olharam para o rótulo e descobriram uma lista imensa de ingredientes que desconheciam. Foi então que se deu o clique para passarem a questionar tudo o que metiam à boca. Aos poucos, foram mudando a forma de comer e deixando de lado alimentos que consideravam nocivos. Num processo lento, começaram com os processados, acabaram nos laticínios.
Pelo meio, aprenderam a cozinhar outro tipo de produtos e receitas. Os olhares dos amigos tornaram-se desconfiados e as perguntas constantes. Até que abriram as portas de sua casa para receberem quem quisesse provar os brunches alternativos. Ainda estavam a viver na Holanda, mas o conceito haveria de aterrar, como eles, a Lisboa.
Um restaurante sem caixote do lixo
Em 2019 deram um passo enorme e, com um simpático empurrão de um crowdfunding dos amigos e clientes lá de casa, abriram um restaurante especial. Especial, porque continuava a ser por marcação e à porta fechada, com uma só mesa para partilhar com desconhecidos, sem ementa definida, sem caixote do lixo e desperdício quase zero. Os fornecedores comungavam, de alguma forma, deste modo de estar.
Não fora a pandemia e Maria e Rui continuariam a promover estes encontros em que também havia espaço para alguma literacia alimentar. A filosofia de proximidade chegava ao extremo de não haver chocolate, bananas, café ou especiarias à mesa. Nada chegava mais longe de um raio de 500 quilómetros.
A utilização do pretérito perfeito para contar esta história deve-se ao facto de o último take away fornecido pelo Kitchen Dates ter acontecido no último dia de fevereiro. Entretanto, desistiram do espaço, porque deixou de fazer sentido neste mundo de emergência sanitária. Maria e Rui (e o bebé que vem a caminho) vão agora dedicar-se exclusivamente a workshops (é aqui que entram as dicas), consultorias e eventos esporádicos. Também têm uma horta comunitária e muitos voluntários à espera de pôr as mãos na terra e caminharem, com este casal, na direção de uma existência mais sustentável. Sem desperdício, claro.
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