A pedido da banda inglesa Massive Attack, um grupo de especialistas da Universidade de Manchester analisou detalhadamente os dados da última turnê da banda, com o intuito de ajudar a indústria da música a reduzir as emissões de carbono e impedir o agravamento das alterações climáticas.
A investigação teve início em 2019 e, com os dados obtidos, os cientistas do Centro Tyndall para investigação das Alterações Climáticas realizaram um relatório – Super-Low Carbon Live Music – para toda a indústria, incluindo músicos, promotores, gerentes de turnê e agentes, que espera levar a que o aumento das temperaturas globais se mantenha em 1,5º celsius.
“As metas de redução de carbono podem parecer esmagadoras ou inatingíveis, mas sabemos por experiência própria, em viagens de comboio, que é possível (alcançando uma redução geral instantânea de 31% nas emissões de carbono)” garante a banda num comunicado.
Medidas do relatório
- Planear as rotas de viagem de forma a minimizar deslocações e transportes, utilizando sempre que possível veículos elétricos e/ou comboio.
- Dar preferência a viagens em transportes público, onde o preço já esteja inserido no preço do bilhete do concerto.
- Gerar energia renovável no local do concerto, por exemplo, através de painéis solares.
- Usar equipamentos de iluminação e som com baixo consumo de energia.
- Oferecer boas condições de espaços dedicados ao estacionamento de bicicletas no recinto do concerto.
- Evitar fazer voos em aviões privados.
- Oferecer incentivos aos fãs que optam por viajar em transportes públicos.
“Recomendamos que o setor da música ao vivo apenas pague para equilibrar as emissões de carbono, quando não houver mais reduções possíveis nas emissões produzidas”, pode ler-se no relatório.
Carly McLachlan, líder da investigação, disse, num comunicado, que “para reduzir as emissões de acordo com o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas as práticas de turismo precisam de ser alteradas à medida que a indústria emerge dos desafios significativos que a pandemia criou, e isso começa logo desde o início de uma turnê, requerendo criatividade e inovação.
Um membro da banda, Robert “3D” Del Naja, afirmou, citado pela CNN, que as descobertas não são surpreendentes, porque as soluções para as alterações climáticas já são conhecidas. Porém, a ideia de tornar as turnês mais ecológicas ainda pode ter uma maior adesão por parte das bandas, já que ainda são poucos os que, por exemplo, alugam os equipamentos de som do local em vez de trazerem os próprios equipamentos. “Quando vamos a festivais, usamos o mesmo equipamento. Subimos ao mesmo palco. A maioria das coisas que usamos são parecidas”.
No seguimento do relatório, os Massive Attack anunciaram o plano de redução de emissões que vão usar na turnê de 2022, com o objetivo de testar a implementação das medidas sugeridas no relatório, para mais tarde realizarem um grande espetáculo experimental no Reino Unido e incentivar a mudança.